2. Capítulo 2 | No Te Pido Flores



LEIA EM PDF AQUI

FADE IN:

01  INT. EMPRESA BRACAMONTES, SALA DE REUNIÃO — DIA.

Continuação exata da cena anterior.

Martin se levanta, assombrado. Lupe chega mais perto, provocativo.

MARTIN

Ficou maluco? Você sabe quem eu sou?

LUPE

Eu sei exatamente quem você é. Alguém que manipula, que faz ameaças, que prejudica pessoas. VOCÊ É UM MAL CARÁTER!

MARTIN

Quem é você?

LUPE

Eu? Eu só um dos funcionários que você prejudicou. Colocar drogas para o Hernande ser preso e assim fazê-lo vender o restaurante é muito baixo, é sujo. Igual você!

Os acionistas se agitam ainda mais. Comentando o que Lupe acabou de expor.

 

          MARTIN

Eu não sei do que você está falando! Mas se disse que veio de onde vendia drogas, deve ser um maconheiro de lá!

LUPE (CONT’D)

Você é tão idiota que não sabe que não sabe nem que tipo de droga colocou lá. Cocaína! Quer que eu desenhe?

 

MARTIN

Foi uma metáfora, seu sujeitinho insolente!

LUPE

Você não viu nada. Eu posso te mostrar a força da minha insolência estampada na sua cara, seu cretino!

MARTIN

Atreva-se!

LUPE

Hahaha!

A recepcionista chega agitada na porta da sala.

RECEPCIONISTA

Seu Martin, eu tentei impedir.

Mas eu pensei que ele fosse me morder!

MARTIN

Isso é cúmulo!

Um pobretão como você nunca devia estar sequer pisando nessa empresa.

LUPE

O que é que é, heim, engomadinho?

Por acaso é vergonha ser pobre? Muito melhor ser pobre do que ser um infeliz como você!

MARTIN

Um soco! Nunca pensei que me expusesse à tanto!

LUPE

Ai, para de exagero. Você vai esquecer rápido!

MARTIN

NÃO, EU NÃO VOU ESQUECER NUNCA! E tudo porque deixaram esse marginal entrar aqui!  

(MORE)

LUPE

Olha, pode parar que você tá me provocando, e você vai achar! Bora, mi hermano, desembucha, desembucha!

MARTIN

É melhor eu me calar!

LUPE

Melhor eu me calar. Corvadão!

Por que não fala logo tudo na cara, heim? 

Que é que é? Você só se esconde atrás de segurança ou o quê?

MARTIN

Esfarrapado! Eu vou calar essa sua boca suja!

Martin fecha o punho e o defere contra Lupe, que o agarra no mesmo instante.

LUPE

Não, vai não, meu bem! Porque por muito menos que isso, eu dei uma coça em playboys mais folgados que você!

E Lupe defere outro soco no rosto de Martin, que cai sobre a mesa de reunião. Lupe vai para cima dele, sedento. Os dois travam uma briga ali mesmo.

MARTIN

Tirem ele de cima de mim!

Agora! Selvagem!

Os seguranças enfim chegam e seguram Lupe, que se debate para se soltar, mas antes disso ele acaba rasgando a roupa de Martin.

MARTIN

Desgraçado

LUPE

Isso é só o começo, meu filho!

Ou você tira o Hernande da cadeia sem ameaças, ou eu boto a boca trombone e falo pra todo mundo o que você fez! Vai ser um prato cheio pra imprensa acabar com a reputação dessa sua budega maldita. Tá avisado, vagabundo! Me solta, eu sei o caminho.

Lupe se solta e caminha para a saída, enquanto Martin permanece atônito. Ele limpa o sangue do canto da boca.

02  EXT. RUA — DIA.

Esmeralda caminha pelas ruas, distraído. Ela usa óculos escuros. Seu celular toca. Ela o retira de dentro da bolsa e vê que é sua mãe. Ignora e senta-se num banco de uma praça, ao lado de uma grande árvore.

Ela passa a observar as pessoas e sentir o vento no rosto, em liberdade. Esmeralda acaba percebendo um carrinho de algodão doce logo à frente. Ela sorri, se levanta do banco e segue em direção ao carrinho, sorrindo.

ESMERALDA

Oi. Um, por favor.

Ela fala ao vendedor. Ele confirma e logo faz seu algodão doce azul. Ela lhe paga e pega o algodão, tirando um grande pedaço e colocando-o na boca. Esmeralda fecha os olhos, saboreando o derreter do algodão na boca. Ela se vira e, de repente, tomba com Lupita, que carregava um copo grande de café na mão, cujo se despejou por completo na roupa de Esmeralda.

LUPITA

Ah, não. Ai, de novo, não!

Meu Deus do céu, deve ser karma!

ESMERALDA

Ah, não tem problema!

LUPITA

Não, dessa vez eu faço questão de lavar.

ESMERALDA

Realmente não precisa…

LUPITA

Olha, mas a minha casa é aqui é perto. Eu faço isso rapidinho. Vem!

Lupita agarra a mão de Esmeralda e a sai arrastando.

03  INT. EMPRESA BRACAMENTOS, SALA DE MARTIN — DIA.

Martin, agora já recomposto, assina concentrado, alguns papéis. Atrás de si, é possível ver uma vista ampla da cidade.

A porta da sua sala é aberta. A recepcionista adentra.

RECEPCIONISTA

Senhor, Martin.

A dona Roxana está aqui.

Ele levanta os olhos, assustados.

MARTIN

Diz que eu não tô!

RECEPCIONISTA

Mas eu disse que ia anunciar ela ao senhor.

MARTIN

Diz que você se enganou. Inventa qualquer desculpa. Essa mulher não…

E Roxana acaba de ultrapassar a porta.

ROXANA

Tarde demais pra mentir.

Minha nossa, o que aconteceu com seu rosto?

Martin morde os lábios e fecha os olhos, impaciente.

MARTIN

(À recepcionista)

Pode nos dar licença, por favor?

A recepcionista sai da sala. Martin faz sinal para que Roxana se sente.

MARTIN

Muito bem. Qual o motivo da sua adorável visita?

(MORE)

ROXANA

Querido, Martin.

Sempre um cavalheiro.

MARTIN

Disponha.

ROXANA

Muito bem.

Serei breve.

Roxana tira de dentro da bolsa uma caixinha aveludada preta de anel e o desliza sobre a mesa de vidro de Martin.

MARTIN

Vai me pedir em casamento?

Olha, você até que é bonita, mas não faz o meu tipo.

ROXANA

Não, meu amor.

Você vai. À Esmeralda.

MARTIN

(Ri)

Você só deve estar pirando, não é?

Ficou biruta?

ROXANA

Não, estou no meu mais perfeito juízo.

Tanto que me lembro daquele seu segredinho, sabe? Aquele que você esconde atrás da porta daquele quarto misterioso da sua casa.

Martin começa a tossir descontroladamente.

ROXANA

Faça isso o mais rápido possível e seu segredo estará a salvo comigo. Tenha um bom dia.

Roxana se levanta e sai andando até sair de cena. Martin pega a caixa do anel e sorri com desdém, aparentemente furioso.

04  INT. PRISÃO, SALA DE VISITAS — DIA.

Lupe e Hernande se encontram frente a frente, conversando, enquanto um policial espera atrás da porta.

LUPE

Sério que você vai sair?

HERNANDE

Sim! Eu não sei o que você fez, mas deu certo. el abogado dice que en unos días estaré en liberdad.

LUPE

Nossa, que alívio.

Não vejo a hora de voltar a trabalhar no restaurante.

HERNANDE

É, Lupe… o restaurante não pode reabrir.

LUPE

Como assim?

HERNANDE

Não por enquanto.

Até essa investigação acabar, ele vai permanecer interditado.

Em Lupe, que se enconsta na cadeira, arrasado.

05  INT. CASA DE LUPITA, SALA — DIA.

Esmeralda espera por Lupita na sala, reparando nos porta retratos em cima da cômoda.

Lupita vem com uma blusa em mãos.

LUPITA

Aqui. Pode usar essa aqui. Está limpinha, viu?

Lupita estende a blusa para Esmeralda, que a pega.

ESMERALDA

(Sorri)

Obrigado.

Esmeralda se vira e retira sua blusa suja. Lupita se senta no sofá, a observando um pouco, depois desvia o olhar.

Esmeralda encontra dificuldade em fechar os botões das costas da blusa que Lupita lhe entregou.

LUPITA

Eu te ajudo.

Esmeralda tira os cabelos das costas e Lupita passa a fechar os botões.

SONOPLASTIA: Quédate Con Ella — Natalia Jiménez.

Esmeralda levanta os olhos, respirando pausadamente. Lupita, nervosa, acaba de fechar os botões e toca no ombro de Esmeralda.

LUPITA

Terminei.

Esmeralda se vira e as duas ficam muito próximas uma da outra, se encarando.

Lupita agarra a blusa suja de café das mãos de Esmeralda.

LUPITA

Deixa que eu lavo.

Na máquina seca rapidinho.

Eu volto já.

Lupita sai as pressas. Esmeralda sorri logo depois. Ela volta a ver os retratos. Pega seu celular e tira uma foto de um dos retratos com o rosto de Lupita.

Ela guarda o celular. De repente a porta da casa é aberta e adentra uma garota, de aproximadamente doze anos. Ela abre a boca.

ROBERTA

Ah, meu Deus.

Esmeralda Dellarosa!

A estrela da TV. Peraí, o que você está fazendo na minha casa?

ESMERALDA

Acho que você está me confundindo com outra pessoa. Com licença.

Esmeralda põe os óculos no rosto e sai em disparada para fora da casa, deixando Roberta confusa.

CORTA PARA:

06  INT. CARRO DE MARTIN — NOITE.

Martin se encontra no banco do passageiro de seu carro, que está em movimento. Em suas mãos está a caixinha do anel. Ele a olha e bufa.

SONOPLASTIA: Cosas Bonitas – Fanny Lu (Jorge Celedón).

Subitamente ele começa a recobrar o acontecido de hoje mais cedo, quando Lupe invadiu sua sala de reunião e lhe deu um soco e, posteriormente, como ele o agrediu.

Desperta.

MARTIN

(Ao motorista)

Vire à esquerda.

Vamos ao shopping.

07  INT. SHOPPING, LOJA — NOITE.

Lupe espera impacientemente encostado no balcão da loja. Uma das funcionárias vem em sua direção com um envelope em mãos. Ele se recompõe e sorri.

FUNCIONÁRIA

Desculpe.

LUPE

Não?

FUNCIONÁRIA

Infelizmente não estamos contratando.

Ela lhe entrega o envelope com o currículo de Lupe dentro. Ele desvanece.

LUPE

Ah, que pena.

Mas obrigado mesmo assim.

Lupe sorri e caminha para fora da loja, chateado.

LUPE

Eu caminhei o dia inteiro espelhando currículo por aí e em nenhum lugar precisa-se de funcionário. Ai.

Lupe segue seu caminho até o

ELEVADOR. Ele aperta o botão e enquanto espera abrir, ele se distrai com o celular.

O elevador então se abre e Lupe adentra, ainda muito envolvido com o celular. Antes que as portas se fechem, surge Martin, adentrando como um foguete. Ele carrega uma sacola de papel nas mãos. As portas do elevador se fecham. Ele só vem a perceber quem está ao seu lado quando olha.

MARTIN

Eu não acredito nisso…

Ele fala, quase num sussurro.

LUPE

O que é que…

Lupe se volta para ele e percebe ser Martin.

LUPE

Ah, não.

De todas as pessoas do mundo, eu tinha que encontrar logo com você?

MARTIN

Você também não é a companhia mais agradável que uma pessoa possa ter.

LUPE

Como é que é?

Martin dá de ombros e nota o envelope nas mãos de Lupe. Ele sorri.

MARTIN

O que é isso aí?

Ah, não me diga que está procurando emprego.

LUPE

Não te interessa.

MARTIN

O botequim não vai abrir, né?

LUPE

Isso é culpa sua!

MARTIN

Minha? Mas fui quem tirei seu amante da cadeia.

LUPE

Porque você o colocou lá, traste!

Ele não é meu amante coisa nenhuma. Ele é uma amigo, tá bom?

MARTIN

Se você diz.

LUPE

Escroto.

Lupe olha de lado para a sacola que Martin carrega.

LUPE

E o que é isso aí?

Martin se sobressalta, assustado.

MARTIN

Ei!

Não é nada!

LUPE

Tá se importando demais para não ser nada. Deixa eu ver isso.

MARTIN

Não vai ver nada!

Os dois começam a discutir embaraçosamente. De repente as luzes do Elevador começam a piscar e elevador a tremer. Martin se agarra nas paredes como aranha, assustado.

A luz acaba de vez e o elevador.

LUPE

Ai, que droga!

MARTIN

(Apavorado)

O elevador parou.

Martin abre a boca, respirando ofegantemente.

FADE OUT:

FIM DO CAPÍTULO.

 

 

Realização:
 

 



No Te Pido Flores 

Temporada 1 | Capítulo 2

 

Criado e Escrito por:

Everton Brito

 

Produtora:

Everton Brito Produções

 

Elenco Principal:

Lupe – Ícaro Silva

Lupita – Aline Dias

Martin – Rômulo Estrela

Esmeralda – Pamela Tomé

 

Rajax © 2021


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

menu cel