3. Os Últimos Virgens | Garotas de Sábado

 

CENA 01- COLÉGIO SAN ROMAN- CORREDORES [INT./DIA]

 

Uma discussão acontece nos corredores do Colégio. Aparentemente, todas as meninas se encontram ruivas.

 

MELANIE — […] O que você tem que eu não tenho?

 

VIOLA — Um cabelo ruivo natural.

 

CADY — Mas o que você tem que eu não tenho?

 

VIOLA — Cabaço, né?

 

CADY — Bom. Isso…Isso é verdade

 

MELANIE — Sem duplo sentido. Quer saber? Pouco me importa ter um cabelo ruivo natural para agradar alguém. Eu nasci pra ser agradada e não pra agradar, você entende a diferença?

 

CADY — E só por que ele disse que gosta de ruivas, não significa que ele goste de você. Um cabelo não é tudo, você tem que ter atrativos que atraiam os homens.

 

VIOLA — Como uma cadela peituda?

 

MELANIE/CADY — O fato é que a gente não precisa impressionar. Se o Peter quiser, ele que venha atrás de mim. Quem liga se ele não vir?

 

VIOLA — Ele está vindo.

 

CADY — Aja naturalmente!

 

Quando Peter adentra no corredor, todas fazem pose. Em Viola, de quatro no chão, com seu colar na boca, tentando parecer sensual.

 

CENA 02- COLÉGIO SAN ROMAN- CANTINA [INT./DIA].

 

Muitos jovens andando de um lado para o outro, com seus celulares e bandejas em mãos. Em Melanie, Tiffany e Rachell, respectivamente sentadas nas mesas principais, conversam.

 

TIFFANY — […] Ai tipo, ele sentou do meu lado e falou “Oi” ai eu disse “Oi”, daí ele falou “Eu sei” ai eu disse “Aham”. E tipo, cara, foi bem louco

 

RACHELL — Vocês transaram depois disso?

 

TIFFANY —  Não! Ele falou de um tal “ménage à thois”, que sem noção. Eu disse a ele que não estava interessada na marca do hidratante que ele usava.

 

RACHELL/TIFFANY — Totalmente louco!

 

Melanie observa Cady passando e a chama.

 

MELANIE — Ei, você!

 

CADY — Eu?

 

MELANIE — É. Senta aqui

 

CADY — (Senta-se) Eu não vou lhe dar o endereço da mãe de santo que arrumei. Eu tive a idéia da cueca antes de você!

 

MELANIE — O que?Esquece. Eu só a chamei aqui para discutimos sobre a Viola, não que eu queira saber da vida dela e tals, mas… O que sabe exatamente sobre ela?

 

CADY — Depende do que você quer dizer com “Exatamente”

 

MELANIE — Coisas do tipo: Ela já foi presa com crack? Bebeu tanto que vomitou no chão e depois desmaiou em cima do próprio vomito?

 

CADY — Não que eu saiba. Não prestava muita atenção na vida super comum da Viola, mas sei o suficiente sobre para despertar o desinteresse de qualquer garoto sobre ela. As poucas coisas que ouvi, não havia nada de comprometedor, apenas coisas que qualquer garota de dezesseis que nunca beijou na vida faria, como: Espiar as revistas de homens nus que a mãe dela esconde debaixo da cama, treinar beijo no espelho, fazer teste todo mês no ginecologista para a mãe dela ter certeza de que ainda é virgem, ler livros de auto-ajuda e que ensinam a pessoa a/

 

MELANIE — Espera! Rebobina.

 

CADY — Que ela vê as fotos da G Magazine?

 

MELANIE — Não, essa parte eu entendi. Eu não sou uma retardada. Então quer dizer que, ela faz testes ginecológicos para a mãe saber que ainda é virgem?

 

CADY — É. Ela me contou uma vez sobre isso, disse que é super constrangedor e que de tanto ela ir lá o médico perguntou se ela não tinha um tapa-sexo em casa.

 

MELANIE — Isso sim é uma coisa interessante e bem humilhante…

 

CORTE RÁPIDO PARA.

 

Peter se encontra sentado à mesa junto com Scott e os outros rapazes do time de beisebol oficial do colégio.

 

SCOTT —  […] É só ir lá e convidar! Acredite, você não vai querer ser perseguido pelo resto da vida. Escute o conselho de alguém experiente, entre um ataque de cachorros possuídos por alienígenas e um ataque estérico de uma mulher, não hesite, prefira os cachorros possuídos por alienígenas

 

PETER — Como pode ter tanta certeza do que diz?

 

SCOTT — Porque eu tenho uma mãe em casa. A minha avó, por exemplo, matou o segundo marido dela depois do meu avô por que o barulho da bola do chiclete dele não era a mesma de quando estourava antes, daí ela deduziu que ele tinha uma amante

 

PETER — O que devo fazer?

 

SCOTT —  Leva ela para o Restaurante Mabel (Entregando-lhe um guardanapo) Escreve o bilhete e entrega, o que pode acontecer é você levar um não.

 

Em Peter, visivelmente tentado e em duvida entre escrever o bilhete e continuar em sua vida pacata de sempre.

 

CORTA PARA.

 

CENA 03- QUARTO DE JOANA ANGÉLICA [INT./DIA]

 

Câmera objetiva: Podemos ver uma pessoa, do gênero não revelado, frente à tela do computador. CAM foca na tela, as letras vão se revelando conforme escreve.

 

“É hoje! Peter vai convidar Viola para sair”.

 

E aperta em Enter.

 

CENA 04- COLÉGIO SAN ROMAN- BANHEIRO FEMININO [INT./DIA]

 

Um ambiente aparentemente vazio e calmo. O chão, ainda úmido do banho que as meninas tomaram após o término da aula de educação física. É possível escutar as gotas de água que pingam da torneira.

 

CADY — (V.O) Sua vaca! Eu vou arrancar seu peito e te deixar sem sobrancelha!

 

E vemos Viola sair de uma das cabines com o cabelo ainda molhado, enrolada numa toalha, caindo no chão e correndo para alcançar a porta, mas é impedida por Melanie e Cady, também no mesmo estado que Viola. As três se atracam no chão, ferozes. A impressão que dá é que ouvimos rugidos de uma onça. Viola se arrasta no chão, mas Cady a puxa pelos pés, ela chuta e sai correndo.

 

VIOLA — Haha, idiota!

 

E Viola mete sua cabeça na parede e cai. Melanie tenta correr, mas escorrega numa poça e também cai, enquanto Viola e Cady brigam no chão.

 

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

 

Uma garotinha de aproximadamente 10 anos de idade vem pulando de alegria e cantarolando em direção ao banheiro, ela abre a porta e fica boquiaberta. A imagem que vê é de Cady puxando o cabelo de Viola, que por sua vez aperta o peito de Cady, que grita e Melanie batendo na bunda de Viola, gritando “Fala, fala, fala”. As três ficam paralisadas ao perceber a presença da menina.

 

CADY — Somos lésbicas, qual é problema?

 

A menina fecha a porta e sai correndo.

 

MENINA — (Chorando) Mamãe!

 

Não vemos a cena a partir daí. CAM foca apenas na porta branca do banheiro do lado de fora. Ouvimos somente sussurros embaraçosos. Até que.

 

VIOLA —  Para tudo! O Peter me convidou para sair e eu ainda não soube de nada? (Gritando) Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

 

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

 

Em Melanie, numa loja de sapatos. CÂMERA SUBJETIVA.

 

MELANIE — Fala sério! Peter e Viola, nada haver. É tipo sentir uma paixão super lésbica pela professora de Geografia. Bizarro. Ela é tão comum, o tipo certo de garota que usa Asepxia para espinhas, quando sabe que não funciona, mas ela usa! Ridículo.

 

CORTA PARA.

 

CENA 05- RUA [INT./DIA]

 

Movimento apressado e descontrolado das pessoas que passam. Destaque em Viola, que anda pensativa.

 

VIOLA — (Off) Eu li em uma revista que quando um garoto a convida pra sair, depois do jantar ele vai querer transar com você. E sabe? Eu acho isso tudo bem deprimente. Eu nunca transei na vida! Mas as revistas ensinam tudo. “Compre você mesma as camisinhas e uma langerie sensual. Mostre que você tem atitude. Seja ousada”. Hoje nada vai abalar minha confiança.

 

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

 

Em Viola, frente ao balconista, numa farmácia. Se encontra totalmente sem graça.

 

BALCONISTA — Pois não?

 

VIOLA — É… Pois é, né? Então… Eu… (Falando baixinho) Quero uma camisinha.

 

BALCONISTA — Como?

 

VIOLA — Camisinha...

 

BALCONISTA — O quê?

 

VIOLA — (Gritando) Eu quero uma camisinha, caramba!

 

Todos da farmácia param e focam suas atenções nela. Viola tenta esconder o rosto com o cabelo.

 

VIOLA — (V.O) Cara, nessa hora eu queria desesperadamente entrar dentro do chão. Agora eu sinto na pele o que meu pai passa quando vai comprar absorvente pra mim. Constrangedor.

 

CENA 06- SHOPPING- LOJA DE ROUPAS [INT./DIA]

 

VIOLA — Moça, a langerie da vitrine!

 

ATENDENTE — Ai, ela acabou de ser vendida agora pouco pela aquela moça que vai descendo as escadas. (Apontando) Olha lá!

 

VIOLA — Moça? Mas ela aparenta ter sessenta e nove anos.

 

ATENDENTE —  Nunca é tarde para contratar um garoto de programa… E pagar muito, muito caro para ele fazer… Alguma coisa.

 

Viola sai correndo, com intuito de alcançar à senhora e percebe que descer as escadas seria perda de tempo, então ela vai escorregando até o chão e cai em cima de um vendedor, que carregava uns lençóis, mas derruba todos. Viola levanta-se e corre mais uma vez. Ela tem tudo para alcançar à senhora, que não está tão longe, mas confunde o lado de fora e acaba metendo a cara na porta de vidro e vai escorregando devagar até cair no chão.

 

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

 

A senhora acaba de apertar o botão do elevador. Alguns segundos depois ele se abre e Viola se encontra dentro dele. A senhora adentra e sorri para Viola, que retribui com um sorriso meio psicopata. O elevador se fecha.

 

CORTA PARA.

 

CENA 07- MANSÃO DE MELANIE- QUARTO [INT./DIA]

 

Foco no espelho do quarto de Melanie, escrito com batom vermelho “Viola, eu te odeio”. E o espelho é quebrado por Melanie, com taco de madeira. Ela chora compulsivamente e grita, sua maquiagem está completamente borrada e suas lágrimas saem pretas por conta do lápis de olho que usava.

 

SONOPLASTIA: Blank Space – Taylor Swift

 

Ela vai quebrando tudo dentro do quarto. Acaba cansando e termina tudo deitada na cama e olhando para o teto, até que percebe algo.

 

MELANIE — Eu não acredito! Quebrei minha unhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

 

CORTA PARA.

 

CENA 08- RUA- PONTO DE ÔNIBUS [EXT./DIA]

 

Podemos ver Cady lendo uma revista sobre psicopatas e como assassinar uma pessoa apenas com o olhar. Ela sorri sarcasticamente.

 

CADY —  (Segurando as fotos de Melanie e Viola) Curvem-se vadias que eu já fui coroada, curvem-se vadias que eu já estou chegando!

 

Um Ônibus passa por uma poça de lama e molha Cady inteira.

 

CADY —  Isso pode demorar um pouco.

 

E outro Ônibus passa e a molha outra vez.

 

CADY — Tá, isso pode demorar muito!

 

CORTA PARA.

 

CENA 09- RESTAURANTE MABEL [EXT./NOITE]

 

Um taxi acaba de estacionar em frente ao Restaurante Mabel. Peter sai do carro e abre para Viola, que põe apenas o primeiro pé para fora. A música para.

 

VIOLA — Droga de cinto que não sai!

 

SLOW MOTION: Viola saindo do carro, linda. O vento sopra seus cabelos. Ela deixa Peter para trás e vai andando na frente, até que tropeça e cai. A música para outra vez.

 

PETER — Você está bem?

 

VIOLA — Estou sim, estou ótima!

 

Viola se recompõe. A música volta a tocar. SLOW MOTION: Viola continua a andar sensualmente, o vento volta a soprar seus cabelos.

 

E Viola volta a cair, dessa vez, dentro de uma lixeira.

 

Peter — Oh, meu Deus!

 

= = CORTE DESCONTÍNUO = =

 

Em Peter e Viola, atônitos. Olhando boquiabertos à entrada do local.

 

PETER — Então…

 

VIOLA — Quer dizer…

 

PETER — Pois é

 

VIOLA — Não acredito…

 

PETER — Nem eu!

 

VIOLA — Restaurante Mabel é um Motel? Quem diabos põe o nome de um Motel de Restaurante?

 

PETER — Quer ir embora?

 

VIOLA — Não sei. Você quer?

 

PETER — Não sei.

 

VIOLA — (V.O) Agora éramos dois virgens perdidos na estrada e em dúvida entre entrar num Motel ou não. Sabe quando você vai ao mercado com a sua mãe e ela te deixa esperando na fila do caixa por que tinha se esquecido de pôr alguma coisa no carrinho? Daí dá aquela agonia de que está chegando a sua vez e a sua mãe nada de aparecer? Pois é, é assim que estou me sentindo agora.

 

A vinheta preta toma conta da tela.

 

FIM DO EPISÓDIO

 

 


Garotas de Sábado

Temporada 1 | Episódio 3

 

Criado e Escrito por:

Everton Brito

 

Elenco:

Melanie

Cady

Viola

Tiffany

Rachell

Scott

Peter

Lúcius.

 

Everton Brito Produções

 

Rajax © 2021


 

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