CENA
01. CASA DE MURILO. QUARTO. TARDE. INT.
Aline continua fazendo carinho em sua barriga. A entidade
se aproxima da cama e fica ao lado dela. A criança dentro do ventre de Aline se
mexe e isso a faz sorrir.
ALINE
(feliz)
Alguém aqui parece que ficou animado de repente.
DEMÔNIO
Lógico, ele sentiu a minha presença ao seu lado.
A entidade se aproxima da barriga, ergue a mão para
tocá-la. Murilo entra no quarto neste momento.
MURILO
Amor, eu estou indo para aquele compromisso com o Jairo.
Pode deixar que quando eu voltar, eu lavo as louças.
ALINE
Vem cá, bem. Vem sentir o nosso filho se mexer.
MURILO
(feliz)
Ele está mexendo?
Caminha apressado até a cama, senta-se ao lado da barriga
de Aline, coloca a mão sobre ela. A entidade fica com uma expressão séria no
rosto.
MURILO
Ué, não estou sentindo nada.
ALINE
Estranho. Ele estava se mexendo nesse momento.
MURILO
Não quer brincar com o papai, é filhão? Bem, de qualquer
forma, tenho que ir amor. (se levanta) Falei para o Jairo que já estava de
saída.
ALINE
Tudo bem.
Murilo beija brevemente sua esposa, vai em direção a porta.
MURILO
Qualquer coisa, só me ligar. Vou estar com o celular sempre
comigo.
ALINE
Pode ir tranquilo, amor. Vamos ficar bem.
MURILO
Até mais, então.
Murilo sai do quarto, Aline se acomoda um pouco na cama,
aproveita o silêncio da casa para tirar um cochilo. A entidade a observa por
alguns segundos, desaparece na sequência.
CENA
02. CASA DE SAMUEL. SALA. TARDE. INT.
Regina está em pé ao lado do sofá, angustiada por não
conseguir falar com o filho pelo telefone. Meire entra na sala, na mesma
situação.
MEIRE
Eu revirei o quarto de ponta a cabeça e não encontrei nada.
Nenhuma pista para onde ele possa ter ido.
REGINA
O celular dele só cai na caixa postal.
MEIRE
Precisamos encontrá-lo, Regina. Algo muito maligno está
atrás dele.
REGINA
(preocupada)
Como assim, Meire? (toca no crucifixo em seu pescoço) O que
está atrás do meu filho?
MEIRE
(séria)
De uma forma ou de outra, acho bom você saber o que está
acontecendo. É melhor você se sentar.
As duas sentam-se. Regina está de frente para Meire,
completamente angustiada.
MEIRE
Preciso que você acredite em mim, está bem?! (direta) Tem
um demônio atrás do seu filho!
Um calafrio estranho percorre o corpo de Regina, que aperta
mais forte seu crucifixo.
CENA
03. IGREJA. TARDE. INT.
Murilo está em um clima quente com uma de suas fiéis. Os
dois estão se pegando em um quartinho ao fundo da igreja onde ele prega. Ele
está sem a parte debaixo da roupa e ela com parte do vestido levantada. Ela
está sentada em uma mesinha, com Murilo no meio de suas pernas.
MULHER
(ofegante)
Qual foi a desculpinha que você inventou para a sua esposa?
MURILO
(ofegante)
Eu disse que iria sair com o seu marido. E você? O que
disse para o Jairo?
MULHER
(ofegante)
Disse que iria visitar sua esposa.
MURILO
(ofegante)
Sabe que nossas mentiras têm um ponto fraco, né? Se o seu
marido liga lá para casa e a Aline atende, na hora ele vai saber que você não
está lá.
MULHER
(ofegante, ri)
Da mesma forma que o Jairo não está com você.
MURILO
(ofegante)
Por isso que precisamos nos apressar com isso.
Murilo aumenta um pouco o ritmo da relação que estão tendo.
A entidade aparece logo atrás deles, assiste toda a cena com uma expressão de
desaprovação no rosto.
CENA
04. CASA DE SAMUEL. SALA. TARDE. INT.
Regina fica em estado de choque, ao ouvir tudo aquilo de
Meire.
MEIRE
(séria)
Entende agora por que precisamos encontrar o Samuel.
REGINA
(perplexa)
Não. Isso não é verdade, Meire?!
MEIRE
O que não é verdade, Regina? De demônios existirem? Uma
mulher da igreja assim como você, deveria saber que eles existem e que estão
por aí. Não é para isso que vocês oram? Para que Deus nos livre do mal?
REGINA
(se levanta)
Demônios, Meire? Logo com o meu filho.
MEIRE
(se levanta)
E acredito que com o meu irmão também! Não sei se era a
mesma entidade demoníaca, mas acredito que meu irmão também tenha passada pela
mesma situação que o seu filho.
REGINA
Foi isso o que aconteceu com o Miguel?
MEIRE
Eu suspeito que sim. Mas depois que o levaram, não pude
continuar minhas conversas com ele. E onde ele está, também não o deixam fazer
visitas.
REGINA
(se senta)
E eu achando que ele...
MEIRE
Todos nós achávamos. (celular toca)
Meire pega o celular de sua bolsa, repara quem está
ligando. Seu corpo se tranquiliza, ao ver que é Elis.
MEIRE
Oi! Já chegaram? Que bom. Eu estou nesse momento na casa do
Samuel, só que aconteceu um problema. (olha para Regina) Ele sumiu!
CENA
05. RODOVIA. ÔNIBUS. TARDE. INT.
Vista aérea do ônibus de Samuel. Na sequência, é mostrado o
rosto de Samuel pela janela do veículo. Ele observa aquela paisagem, com uma
expressão séria no rosto.
CENA
06. IGREJA. TARDE. INT.
Após o clima ter esquentado no quartinho ao fundo, Murilo e
a mulher saem, como se nada tivesse acontecido. A igreja está vazia, caminham
até a porta.
MURILO
Melhor você ligar para o seu marido, avisando que já está
voltando para a casa.
MULHER
Digo o mesmo para a sua esposa.
MURILO
Uma hora dessa ela deve estar repousando.
Murilo destranca a porta. A mulher se aproxima dele, coloca
seus braços ao redor da cintura de Murilo.
MULHER
Quando vamos nos ver novamente?
MURILO
Eu mando mensagem pra você.
MULHER
(ri)
Da última vez que você falou isso, recebi uma mensagem sua
05 meses depois.
MURILO
Eu não posso ficar dando bandeira assim. Sabe que tem que
ser em momentos oportunos. Ainda mais com o meu filho a caminho.
MULHER
Tudo bem, tudo bem. Eu espero. (o beija)
MURILO
Até hoje à noite. (abre a porta)
MULHER
Até.
A mulher vai embora. Murilo a observa por um tempo, fecha a
porta na sequência. Ao se virar, vê a entidade na forma de Samuel a sua frente.
MURILO
(se assusta)
Que susto! Quem é você? Como entrou aqui?
DEMÔNIO
(sorri)
Olá, pastor! Creio que alguém aqui está precisando
confessar os seus pecados.
Seus olhos ficam vermelhos, o pastor se apavora ao
presenciar aquilo.
CENA
07. CASA DE MURILO. QUARTO. NOITE. INT.
Aline desperta após cochilar a tarde inteira. Repara o
quarto um pouco escuro, acende o abajur da cômoda ao lado. Sente o silêncio em
casa.
ALINE
Murilo? (se ajeita na cama) Já chegou, amor?
Ela não recebe resposta alguma. Isso a preocupa. Pega o
celular sobre a cômoda, disca para o marido.
CENA
08. CASA DE SAMUEL. COZINHA. NOITE. INT.
Meire e Regina passaram o resto do dia tentando falar com
Samuel. Sem contato e acreditando que talvez o demônio tenha o levado, ambas
buscam uma outra forma de encontrá-lo.
MEIRE
Se realmente ele tiver sido levado por esse demônio, creio
que o único jeito é aguardar o contato da Elis e do Benjamin.
REGINA
(nervosa)
Eu não posso ficar esperando, Meire. O meu filho pode estar
morto uma hora dessa, enquanto estamos aqui fazendo nada. (chora)
MEIRE
Calma, querida. O Samuel está bem, acredita em mim. (segura
a mão de Regina, a conforta) Não podemos fazer nada, infelizmente. Elis e
Benjamin são profissionais neste assunto. Vamos deixar eles encontrarem uma
forma de expulsar esse demônio da vida do Samuel. Até lá, o que nos resta é
esperar e.../
REGINA
(interrompe)
...e orar! (ergue a mão dela) Pai nosso que estais no
Céus... (fecha os olhos) ...Santificado seja o vosso Nome...
MEIRE
(ora junto)
...Venha a nós o vosso Reino, seja feita a sua vontade.
Meire segura a outra mão de Regina. As duas estão de olhos
fechados, oram por Samuel.
CENA
09. IGREJA. NOITE. INT.
O corpo de Murilo está grudado na parede ao lado de uma
cruz de madeira. Seu corpo está com alguns cortes, feitos pela entidade.
DEMÔNIO
Então quer dizer que você tinha nove amantes. (finge
surpresa) Uau! (bate palmas)
MURILO
Por favor, eu já falei o nome de todas elas, me deixa ir
embora. A minha esposa está grávida. Ela deve estar precisando de mim.
DEMÔNIO
Não se preocupe com a sua esposa. Ela ficará bem. Assim
como o menino que ela carrega.
MURILO
(surpreso)
Como você sabe que ela espera um menino?
DEMÔNIO
Eu sei de muita coisa. Mas, isso não vem ao caso.
Se aproxima dele, o corpo de Murilo treme de medo, com
aqueles olhos vermelhos vindo em sua direção.
MURILO
(apavorado)
Por favor, por favor, me deixa ir embora. Eu juro, por tudo
que é mais sagrado que serei fiel a minha esposa. Serei um marido exemplar pra
ela.
DEMÔNIO
(ri)
Vocês humanos são tão divertidos. (olha para a cruz ao
lado) Por que não ora para o seu Deus? Talvez ele venha aqui te salvar.
Murilo fecha os olhos e começa a orar rapidamente. É nítido
o seu medo, nas palavras que emite. A entidade o observa atentamente, com um
grande sorriso no rosto.
MURILO
(apavorado)
...livrai-nos do mal, amém!
Abre os olhos e percebe que continua no mesmo pesadelo.
DEMÔNIO
(ri)
Acho que você não orou com muita fé. Mas vamos lá, eu vou
te ajudar. (junta as mãos) É assim que se faz, não é? (fecha os olhos,
sarcástico) O grandioso Deus, criador de todas as coisas, salve essa alma
pecadora de não ir para o inferno. (abre os olhos) Acho que ele não quer te
salvar não! (ri)
MURILO
(chora)
O que foi que eu fiz pra você, cara?
DEMÔNIO
Não é nada pessoal, vai por mim. Eu não dou a mínima para
quantas amantes você tem, se você ama ou não sua esposa. Pessoas infiéis tem
aos montes por aí, eu poderia escolher qualquer um para finalizar minha
transição. No entanto, a criança que está sendo gerada por sua esposa, é muito
importante para os meus planos. E ela só pode ter um pai biológico apenas. E
nessa história meu amigo, o pai não é você.
Com um gesto de mãos, a entidade vira o pescoço de Murilo.
Desgruda o corpo dele da parede, o deixa cair no chão. Uma última transformação
ocorre em seu corpo. A entidade fecha os olhos e sente cada vez mais a sua
permanência física na Terra. Sorri, abres os olhos e sente seu corpo quase
completo. Ele coloca a mão no peito, porém não sente nada batendo.
DEMÔNIO
(feliz)
Preciso de um coração, quem diria. E é você quem me dará
um, Samuel!
Olha para a cruz da parede a frente, seu rosto logo fica
sério. Com um gesto de mãos, a vira de ponta a cabeça.
DEMÔNIO
(sério)
Como podem acreditar em um Deus que os abandonou a
séculos?!
Desaparece do local.
CENA
10. CASA DE MURILO. SALA. NOITE. INT.
Aline entra na sala lentamente. Sente algumas dores em suas
pernas, caminha devagar até o sofá. A entidade aparece na sala, a observa. Com
a presença dele ali, a criança no ventre dela começa a mexer.
ALINE
Calma, meu amor. O papai ainda não chegou, está bem?!
(senta-se no sofá) Também gostaria muito de saber onde ele está.
Aline tenta ligar mais uma vez para o marido. Ao cair na
caixa postal, começa a ficar preocupada. Ela disca para outro número.
ALINE
Alô, mamãe. Oi, estou bem sim. É o Murilo. Ele saiu hoje a
tarde com o Jairo e até agora não voltou. Estou com medo de que tenha
acontecido alguma coisa.
CENA
11. LANCHONETE. NOITE. EXT.
O ônibus que Samuel pegou, parou em uma lanchonete ao lado
da rodovia. Alguns passageiros aproveitaram essa parada para comprarem alguma
coisa ou irem ao banheiro. Samuel está encostado próximo ao ônibus, a noite
está fria e o que ele quer é apenas que o ônibus continue sua viagem e se
afaste cada vez mais de sua casa.
CENA
12. APARTAMENTO DE CONRADO. QUARTO. NOITE. INT.
Conrado (39 anos, moreno, alto) está ao telefone com
alguém. A entidade demoníaca aparece ao lado da janela, o observa.
CONRADO
Pode deixar, que amanhã mesmo esse dinheiro estará em sua
sala. Não se preocupe, que quem irá entregar tem bastante experiência nisso.
(vira-se, ver a entidade na janela, sorri) Pode dormir sossegado. Tenho que
desligar agora! Um velho conhecido acabou de aparecer na minha frente.
Desliga o celular, o joga na cama. Abre os braços, parece
feliz ao ver a entidade.
CONRADO
(sorri)
Como você demorou, meu irmão!
A entidade se aproxima de Conrado e os dois se abraçam. Um
abraço longo e forte, como se os dois não se vissem há muito tempo.
DEMÔNIO
Demorei bem mais do que o esperado.
CONRADO
Estava pensando que eu mesmo teria que te invocar.
DEMÔNIO
(encerra o abraço)
Não foi preciso. Demorou um pouco, mas o Samuel finalmente
colocou o ódio dele para fora.
CONRADO
Que bom. Parece que ele é diferente do pai, quem diria.
DEMÔNIO
Sim. Samuel é frágil. Foi muito fácil incitar esse
sentimento a sair.
CONRADO
Como anda sua transição? Finalizou? Você está completo
neste planeta?
DEMÔNIO
Falta apenas o coração dele. (coloca a mão no peito)
CONRADO
E por que você não resolveu isso logo? Não vai me dizer que
está com pena de matá-lo?
DEMÔNIO
Pena? Eu? (ri) É claro que eu vou matá-lo. Só que no
momento o garoto enlouqueceu e saiu da cidade. Uma hora dessa, ele deve estar
indo rumo a Bahia. Ele pensa que saindo da cidade, pode fugir de mim. (caminha
pelo o quarto) Coitado.
CONRADO
E a criança?
DEMÔNIO
Sendo bem cuidada pela a mãe. Eu consegui dar um jeito no
falso pai. Ele foi a última alma da minha transição.
CONRADO
(ri)
Esse é o meu irmão! Estou tão feliz por você estar aqui
comigo.
DEMÔNIO
Eu também. (repara o quarto) Belo quarto. Pelo o visto, tem
assumido uma vida bem importante. (ao irmão) Quem é esse aí?
Aponta para a forma humana que o outro demônio está
assumindo. Conrado sorri, dá uma girada e se apresenta.
CONRADO
Esse é Conrado Andrade. Casado com uma bela esposa, tem uma
filha e quando ele me invocou, era um simples candidato a prefeito de uma
cidadezinha pequena do interior, que queria fazer a diferença. Em pouco tempo o
ajudei a se tornar governador. Ao conhecer esse lado corrupto da política, logo
o coitado ficou traumatizado. (ri) Daí foi fácil se infiltrar em sua cabeça e
em seu coração. E aqui estou. Me preparando para o próximo passo: a presidência
da república! E o seu? É igual ao pai?
DEMÔNIO
Típico de você ir atrás de poder neste mundo. O meu é um
carinha que estava cansado de tantas injustiças. Estava cansado de ver as
pessoas fazendo maldade umas com as outras.
CONRADO
Todos estão.
DEMÔNIO
Ele mora com a mãe ainda e trabalhava em uma loja de
brinquedos. Pediu demissão ao pensar que estava ficando louco, igual ao pai
dele. Que aliás, você o conhece muito bem.
CONRADO
Miguel! Se ele não tivesse resistido tanto, eu já estaria
nesse mundo faz tempo. Mas, nem sempre as coisas saem como planejado e agora
estou nesse aqui.
DEMÔNIO
E o plano? A que passos estamos?
CONRADO
Avançando, em um ritmo lento, mas avançando.
DEMÔNIO
Quero ficar a par de tudo, entendeu. A criança logo nascerá
e eu preciso ficar perto dela.
CONRADO
Eu contarei tudo se você aceitar jantar com a gente.
DEMÔNIO
(ri)
E desde quando os demônios jantam agora?
CONRADO
Quando você assume uma vida humana por 13 anos, você acaba
tendo que se adaptar.
DEMÔNIO
Eca.
CONRADO
Até que a comida humana não é tão ruim assim. (se aproxima
dele) A empregada daqui é uma senhora de 60 anos, mas a velha até que cozinha
bem. (coloca o braço ao redor do pescoço da entidade) Você irá gostar.
DEMÔNIO
Não, por favor. Eu não vou comer.
CONRADO
Vai sim. Eu sou mais velho. Estou mais tempo aqui. E a
gente não se vê há muito tempo. Nem pensar que vou deixar você sair hoje.
DEMÔNIO
Tenho que vigiar a mãe da criança. Provavelmente, já chegou
aos ouvidos dela que o marido está morto.
CONRADO
Ela vai ficar bem. E mesmo assim, se o marido está morto, é
porque ele não prestava. (o leva até a porta) Estou louco para te apresentar a
minha família. (feliz) Finalmente estamos juntos, irmão!
Conrado sai do quarto comemorando ao lado da entidade.
CENA
13. CASA DE SAMUEL. COZINHA. NOITE. INT.
Meire está sozinha na cozinha, entretida em algumas
pesquisas pelo notebook. Não consegue encontrar nada que possa ajudar o
sobrinho. Olha para o celular ao lado, parece ansiosa por uma ligação de Elis
ou Benjamin. Volta sua atenção para a tela do notebook.
CENA
14. ÔNIBUS. NOITE. INT.
O ônibus retorna para sua viagem. A maioria dos passageiros
estão encostados em suas poltronas tirando um cochilo. Samuel, por outro lado,
não consegue fechar os olhos por ter medo de ouvir gritos de pessoas pedindo
socorro. Embora esteja longe de casa, uma angústia estranha continua
perturbando seu peito. A vista da lua cheia pela janela do veículo, é a única
coisa naquele momento que vem o mantendo relaxado.
CENA
15. APARTAMENTO DE CONRADO. COBERTURA. NOITE. EXT.
Após o jantar, Conrado levou seu companheiro até a
cobertura. Ambos observam o brilho da lua, parecem nostálgicos.
DEMÔNIO
Na nossa época, não tínhamos uma lua assim.
CONRADO
Não tínhamos mesmo. Querendo ou não, a era dos humanos
trouxe algumas maravilhas a este planeta.
DEMÔNIO
(a cidade)
Eu sei. Os humanos ganharam tanto prestígio aos olhos do
“Criador”, que receberam esse mundo de mão beijada. E a gente teve que ser
banido para o vizinho ao lado, completamente abandonados.
CONRADO
(sério)
E foi questão de tempo, para os próprios humanos acabarem
com o presente dado a eles.
DEMÔNIO
Vamos voltar a reinar neste lugar meu irmão. (toca no ombro
de Conrado) A guerra que trará a nossa liberdade chegará, e seremos guiados
pelo o nosso líder rumo a vitória!
Ambos se entreolham, sorriem. Na sequência, se atentam a
cidade abaixo. Observam a morada de diversas pessoas, como se fossem soberanos
ali.
FIM DO EPISÓDIO.
A Vontade
do Mal
Temporada 1 | Episódio 8
Criado
e Escrito por:
Anderson Silva
Elenco:
Samuel (Giovanni de Lorenzi)
Benjamin (Eduardo Moscovis)
Elis (Sandra Corveloni)
Regina (Gilda Nomacce)
Meire (Isabele Garcia)
Rajax
© 2021
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