2. Nem Tudo que Reluz é Ouro | Melqui 30 Anos



AVISO DE GATILHO: O PROGRAMA DE HOJE NÃO É RECOMENDADO PARA PESSOAS ALTAMENTE SENSÍVEIS OU QUE SOFREU POR ESTRESSES PÓS-TRAUMÁTICOS. ATENTAR-SE AO CONTEÚDO.

 

MAS SE VOCÊ JÁ TEM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS E A VIDA DE MAL A PIOR, PORÉM NADA MAIS TE ABALA, FICA AQUI COM A GENTE. O MÁXIMO QUE PODE ACONTECER É CHORARMOS JUNTOS DA NOSSA PRÓPRIA DESGRAÇA.

 


A vida seria perfeita se tudo fosse um mar de rosas e do jeito que a gente sempre imaginou, não é? Mas infelizmente as coisas não funcionam dessa forma, senhoras e senhores, ou vocês acham que eu cheguei aqui tendo tudo de mão beijada? Ai ai, meu sonho! Mas vamos falar da parte trágica da minha história, peguem os lencinhos de papel nem que seja pra assoar o nariz, porque vocês vão precisar.

 

Bom, as tragédias na minha vida/família começou antes mesmo de eu começar minha carreira (que eu nunca tive) lá em 2008 quando fomos pegos de surpresa com o falecimento da minha avó materna. Sim, ela já estava sofrendo de diabetes há um bom tempo e teve suas duas pernas amputadas, pois a infecção havia se espalhado muito rápido, infelizmente ela não conseguiu resistir por muito tempo.

 

Em 2010 que foi quando eu de fato comecei a embarcar minha carreira, descobri que eu tinha prolapso na válvula mitral, é tipo quando a válvula do coração fica muito tempo aberta e o sangue não consegue passar de um átrio para o outro e ele acaba escorrendo por dentro do peito, bizarro, né? Eu sei, quase morri por conta disso. Incrivelmente os médicos nunca consideraram isso uma deficiência cardíaca, tanto que eu vivo tranquilamente com isso e raramente eu sinto dores, mas também quando vem é pra lascar com tudo.

 

Depois de uma leve pausa de coisas na nossa vida, eis que em Novembro de 2011 veio o falecimento do meu avô materno, foi triste! Ele estava sofrendo de tanta dor e eu acompanhei quando ele ainda morava na casa dos fundos daqui de casa, o enterro dele foi aqui mesmo, diferente da minha avó que foi em São Paulo. Na época que meu avô faleceu, minha mãe estava em São Paulo fazendo consulta porque há anos ela sofria com problemas do coração.

 

Ah mas vocês estão achando que as desgraças pararam por aí? Negativo! Em 2012 minha mãe precisou fazer uma nova cirurgia do coração, eu tive que largar tudo que eu estava fazendo em Brasília pra ficar lá em São Paulo com ela, me endividei, saí da faculdade (eu não queria mais ficar mesmo nela) e acompanhei o processo enquanto ela esteve internada, mas... Em Abril de 2012 ela veio a falecer após uma terceira cirurgia, aí é que minha vida virou um inferno mesmo! Eu sou o mais velho de 3 filhos, tenho um irmão do meio e uma irmã caçula.

 

Pra vocês terem ideia, a gente nem tinha se recuperado direito da morte do meu avô em Novembro de 2011 que em Abril de 2012 já tivemos que suportar o falecimento da minha mãe (pai e filha morreram em 4 meses). Daí por diante tudo desabou e veio desgraças por cima de desgraças, então em 2013 meu pai decidiu ir para Irecê-BA e levou minha irmã caçula pra morar com os parentes lá. Hoje minha irmã completou 15 anos e morre de saudades de mim porque ela sempre foi mais apegada a mim, a pobrezinha teve muitos distúrbios depois que minha mãe morreu, foi levada pra outro estado e tals, isso é um golpe pesado pra qualquer criança.

 

Durante o ano de 2012, a ficha não havia caído completamente, então foi em 2013 que eu sofri de uma depressão profunda, sério, foi pesada! Eu só queria morrer e nada mais importa, meu líder dos jovens na igreja, Rogério, sempre ia lá em casa me aconselhar e dar conselhos e tals e a depressão forte passou. Mas não se engane, eu continuei com as sequelas até 2017, foi bem, mas bem difícil passar por isso.

 

Como se não bastasse, eu tive que assumir uma responsabilidade que não era minha, chefiar uma casa aos 21 anos e tomar conta de um irmão adolescente. Eu arrumei um emprego (no qual estou até hoje) e daí senti na pele a vida de um dono de casa e chefe de família, comecei a ver tudo de outra forma e sofri ao ver dias que não tinha o suficiente pra eu comer. Tinha dias que eu só conseguia comer miojo porque não tinha tempo e nem dinheiro pra uma comida decente.

 

A minha tia (irmã da minha mãe) ainda ajudou um bom tempo e ficou aqui na época e tals, mas depois que caiu a ficha: “EU SOU O HOMEM DA CASA”, isso foi um golpe pesado! Eu praticamente perdi toda a minha juventude cuidando da casa e do meu irmão e nunca de mim, ou vocês acham que eu perdi o cabelo por conta de genética da família? Porcaria nenhuma! Perdi o cabelo de tanto estresse, depressão, traumas, responsabilidades além do que eu aguentava e por aí vai. Comecei a passar por problemas financeiros gravíssimos, eu simplesmente não entendia o que estava acontecendo que eu nunca tinha dinheiro pra nada, aí era uma luz que cortava por aqui, uma água que cortava por ali e a vida seguiu.

 

Ao longo dos anos, todos da minha família foram morrendo gradativamente: Meu primo morreu em um assalto, depois morreu outro primo meu, se eu não me engano em 2018 a minha avó paterna (a última avó viva) também faleceu. Em seguida veio alguns tios, e em 2020 (sim, em 2020), dois tios que eu sempre fui muito apegado morreram e nem deu tempo da gente sentir direito. Antigamente eu sofria muito, mas... O que é uma morte pra quem já teve 10 mortes na família, né? Uma a mais não ia fazer diferença nenhuma. Eu me tornei uma pessoa muito fria nesse quesito, não consigo mais sentir absolutamente nada quando alguém da família ou amigos morrem, acho que a dor me transformou numa pedra de gelo, não importa quem morra ao meu redor, eu não vou sentir da mesma forma que antes.

 

“Credo, Melqui! Você é uma pessoa muito sem coração!” Talvez possa ser, não te culpo por pensar assim de mim, mas esse é o que eu sou hoje, eu posso sim ficar triste por um familiar quando morre, mas ficar depressivo ou parando minha vida como aconteceu com meu avô e minha mãe? Não! Acho que estou calejado nesse quesito e dificilmente essas coisas me abalam, mas enfim.

 

Como todo o castigo pra pobre é pouco, após tudo isso veio a pressão da igreja: “VOCÊ PRECISA SE CASAR, VOCÊ NÃO PODE FICAR SÓ, VAMOS ARRUMAR UMA ESPOSA PRA VOCÊ”. Esse foi o maior erro que as pessoas da minha igreja cometeram, me forçar a uma coisa que eu não queria ou nunca nem cogitei. Não julgo eles, né? Afinal um rapaz nascido e criado dentro da igreja no auge de seus 20 e poucos anos já deveria estar ao menos comprometido e com planos de casamento, certo? ERRADO!

 

As pessoas da minha igreja queriam manipular as minhas emoções e decisões, eles achavam que se eu não casasse imediatamente eu seria infeliz pelo resto da vida, talvez pelo fato de que amigos meus que cresceram juntamente comigo hoje são casados e tem filhos, então eles acham que eu deveria seguir exatamente o mesmo caminho deles. NEM A PAU! Não sou obrigado a seguir os padrões que essa droga de sociedade quer impor em mim, eu ficava muito puto na época que os obreiros ou irmãs da igreja (porque partiam mais desse pessoal da velha guarda) diziam: “Ain, Melqui! Você precisa se casar logo, você precisa de uma companheira, um rapaz crente não pode ficar muito tempo solteiro.” MANDEI TODO MUNDO IR À MERDA!

 

Sim, no português mais simples eu “liguei o foda-se”, mandei todo mundo ir cuidar de suas vidas inúteis que eu cuidava da minha. E vocês não sabem o quanto foi libertador isso, eu parei de ficar levando em consideração o que essas pessoas diziam. “Ain, mas um levita da casa do Senhor precisa se casar”, precisa é mostrar uma fachada pro ministério pra dizer que tem uma família tradicional brasileira feliz, tudo uma farsa! Prova disso é que muitos desses meus amigos que se casaram nas pressas por conta da pressão da igreja, hoje estão divorciados e infelizes. Adiantou alguma coisa? Me diz aí, bebê!

 

Mas aí você me pergunta: “Tá, mas você pretende algum dia se casar e/ou se relacionar com alguém?” Minha resposta mantém intacta e é: “NÃO”. Porém não estou falando que isso nunca vai acontecer, afinal de contas os meus planos não são os mesmos dos planos de Deus, certo? Olhem pra mim, gente! Eu tenho 30 anos, vocês ainda tem esperança que eu vou me casar um dia? Acorda, Alice!

 

Agora se eu já me apaixonei? Claro, quem nunca? Inclusive quero enfatizar aqui se você adolescente está vendo este programa e tiver a oportunidade de se apaixonar... NÃO SE APAIXONE! Sério, isso vai te prejudicar de um jeito que você não tem a menor ideia, você vai largar tudo aquilo que você gosta de fazer pra dar atenção pra uma pessoa que tá cagando e andando pra você. A pior coisa é justamente quando não é correspondido, olha eu passei por isso lá em meados de 2016 e foi um verdadeiro inferno! Mano do céu, se apaixonar é a pior desgraça que pode acontecer na vida de um ser humano, é doloroso, venenoso, mortal... E o que mais me deixava com raiva é que além de fazer um estardalhaço no meu emocional, ainda me fazia fugir do meu foco e dos meus objetivos, porque se tem uma coisa sobre mim que eu afirmo com todas as letras e caso você não concorde, problema é seu, é que: Eu sou MUITO FOCADO. Sim! Quando eu projeto algo, eu me comprometo totalmente naquilo e não importa o que aconteça, então esses amores inúteis começaram a me atrapalhar muito na minha trajetória e na minha carreira, fiquei sem ânimo pra continuar a fazer minhas coisas, foi difícil passar por isso, mas eu passei.

 

E foi daí que eu arrisquei a área musical, sim, eu sempre gostei de música! Toda minha vida eu cantei na igreja e tals, então um amigo meu havia aberto um estúdio e eu comecei a gravar com ele. Cara, que experiência incrível! Eu gravei com ele ao todo 4 músicas, nenhuma era minha, eram todos covers, mas foi muito bom.

 

Em 2017 eu lancei o clipe “In Love”, eu me orgulho até hoje desse trabalho, porque foi o primeiro trabalho audiovisual que foi produzido totalmente por mim, não paguei ninguém de fora pra fazer tudo (exceto pela gravação da música em estúdio), tudo foi feito com meu suor. Claro que tive toda uma equipe me ajudando nas gravações e edição, foi um trabalho lindo!

 

Bom, após o fim do clipe “In Love”, eu me afastei novamente do ramo musical, mas isso vai muito pela questão de prioridades mesmo, eu precisava focar em outras coisas. Tanto que ainda em 2017 que eu peguei todos da minha igreja de surpresa: Eu anunciava a minha saída definitiva do grupo de jovens e renunciava o meu cargo de regente e vice-presidente.

 

A notícia foi um baque tão grande que chegou até mesmo nos ouvidos das demais congregações, imagino até se fosse sair no jornal nacional: “MELQUI RENUNCIA CARGO NA IGREJA E SE RETIRA DO GRUPO DOS JOVENS” (KKKKKKKKKKKKKKKK, desculpa mas eu ri). Então pastores, membros, pessoas do mundo afora começaram a fazer várias perguntas: Será que ele desviou? Tá em pecado?

 

Muitos foram até na minha casa pedindo pra eu reconsiderar na minha decisão e minha resposta foi curta e grossa: Não e pronto! Eu já estava cansado de tudo aquilo, 5 anos como regente e três anos como vice-presidente dos jovens, eu não tinha mais vida, não conseguia fazer mais nada além daquilo, minha juventude indo embora e eu parado no tempo sem fazer nada por isso. Eles tinham que entender que eu não era como os outros jovens e que eu tinha outros objetivos, tudo bem se eles tinham objetivo de ficar o tempo todo nas dependências da doutrina da igreja, se casar, ter filhos e piriri pororó, mas eu não! Minha vibe era outra e eu não podia continuar insistindo numa coisa que não estava mais me fazendo bem.

 

Então eu saí da mocidade definitivamente, no mesmo ano após a minha renúncia, fui convidado pra ser regente do grupo de varões (Oi?). Exatamente, bizzarro, né? Eu ser regente dos varões sendo solteiro e não ter nenhuma pretensão de se casar ou coisa do tipo? Aí veio o bullying por parte de membros da igreja: “O Melqui não pode fazer parte do grupo de varões, porque ele é solteiro, isso não existe”, quando eu soube desses burburinhos e fofoquinhas sobre mim, aí é que eu aceitei mesmo o convite! Queria uma experiência nova, sabe? Precisava amadurecer, foi muito bom! Até hoje eu continuo dando uma força sempre que posso ao grupo de varões, mas agora devido aos meus outros trabalhos, já não consigo mais ajudar como antes, mas não me arrependo em nenhum momento de ter entrado e da mesma forma que não me arrependo de ter saído dos jovens, pois todo mundo precisa “voar” algum dia, e esse era o meu momento.

 

Passado tudo isso, eu comecei a pensar que chegou a hora de eu correr atrás dos meus sonhos e de tudo o que eu sempre quis, e mandar todo mundo ir pastar com suas opiniões idiotas sobre mim e foi isso que eu fiz. Em 2018 eu entrei para o teatro! Passei anos “namorando” essa possibilidade de fazer e finalmente chegou o momento de eu concretizar isso. Querem saber melhor de como foi a minha inclusão no teatro? Bom, isso vocês vão saber somente no próximo programa.

 

Espero que vocês tenham gostado desse segundo episódio, desculpa se eu fiz você chorar, mas eu já estou acostumado a conviver com a desgraça, se ainda tiver chorando, me avise que eu bato na tua cara pra você parar.



E é isso, pessoal! Até o próximo programa neste mesmo horário e neste mesmo canal!

 


Melqui 30 Anos

Documentário | Episódio 2

 

Produção Executiva:

Melqui Rodrigues

 

Direção de Fotografia:

Alyson Lemos

 

Direção de Arte Gráfica:

Cristina Ravela

 

Direção Geral:

Kax Silva

 

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