CENA
01. RUA. NOITE. EXT.
Samuel volta para a calçada, fica ao lado de Sindy.
SINDY
(séria)
Estamos esperando os policiais chegarem.
SAMUEL
(apavorado)
Quem fez isso? Como isso aconteceu?
LINDA
Também gostaríamos de saber quem fez isso.
SINDY
(séria)
Simplesmente o carro parou aqui na nossa frente, a porta se
abriu e o corpo estava desse jeito.
MILU
Nenhuma de nós tocou em nada, para depois não pensarem que
estamos envolvidas nisso.
SINDY
(séria)
Por mais que eu quisesse que esses filhos da puta pagassem
pelo o que eles fizeram comigo, eu jamais desejaria um final desse jeito pra
eles.
SAMUEL
Eu sei, em nenhum momento pensei que foi você. Afinal...
(olha para o corpo) ... o que fizeram com ele, parece macabro demais.
LINDA
Esperamos que a polícia investigue e encontre o verdadeiro
responsável que fez isso.
Sirenes de viaturas se aproximam do local, assim como uma
ambulância e um carro do IML. Assim que eles param, cada profissional começa a
fazer o seu serviço. As pessoas se dispersam, observam curiosas o ocorrido.
Samuel fica por alguns segundos observando tudo. Olha para Sindy, percebe o
estado de choque que ela se encontra.
CENA
02. CASA DE SAMUEL. QUARTO DE SAMUEL. NOITE. INT.
Samuel está sentado na ponta da cama. Olha para seu reflexo
no que sobrou do espelho. É nítido o estado de choque que ele se encontra, após
presenciar a cena terrível de horas atrás. Do lado de fora, ele está sendo
observado da janela pela a entidade que apareceu em seu quarto na noite
anterior. A entidade, que antes era uma fina sombra, agora tem uma forma mais
robusta, semelhante a um corpo humano. Ainda continua escura e o único detalhe
em seu corpo são seus olhos vermelhos.
Samuel olha para a janela, sente a sensação de estar sendo
observado. Se levanta da cama, caminha até lá e observa a rua. Não vê ninguém.
Uma sensação estranha percorre seu corpo.
CENA
03. CASA DE SAMUEL. COZINHA. DIA. INT.
Regina termina de preparar a mesa para o café da manhã.
Samuel entra na cozinha.
REGINA
(feliz)
Bom dia, filho.
SAMUEL
(sério)
Bom dia.
Regina percebe o tom estranho na voz de Samuel. Coloca os
pães na mesa, o observa.
REGINA
Pretende ir para o trabalho com essa expressão no rosto?
SAMUEL
É a que eu tenho, mamãe. (senta-se) A senhora quer que eu
faça o quê?
REGINA
Quero ver você sorrindo. (volta para o fogão) Nunca mais vi
um sorriso em seu rosto. Você está sempre com essa cara fechada. Não sei como
não tem espantando os clientes.
SAMUEL
Eu só sou infeliz quando estou fora do trabalho, está bem?!
Quando eu percebo que desse lado, não existem seres humanos e sim um bando de
animais sem sentimentos, que sentem prazer em fazer o mal para o seu
semelhante.
REGINA
(decepcionada)
Que triste ver que você pensa assim.
SAMUEL
É a realidade, mamãe.
REGINA
Por mais podre que seja o ser humano... (vira-se para
Samuel) ...ainda existem pessoas por aí que merecem ser salvas.
Os dois se encaram, Samuel começa a se servir. Regina
vira-se para o fogão, parece triste ao ver o filho guardando esse rancor dentro
dele.
CENA
04. COLÉGIO DOM PEDRO. RUA. DIA. EXT.
A mãe de Júlia estaciona o carro a poucos metros do
colégio.
LUIZA
Pronto, filha. (retira o cinto) O vovô que irá buscar você
hoje, está bem?
Júlia abraça sua mochila, fica com a cabeça baixa.
JÚLIA
(tom baixo)
Eu não quero ir com o vovô.
LUIZA
(saí do carro)
A vovó tem uma consulta marcada, ela não vai poder vir.
Luiza abre a porta do veículo, sai, dá a volta e espera a
filha sair. Júlia continua abraçada com sua mochila.
LUIZA
Anda Júlia, você vai se atrasar.
Júlia retira o cinto, abre a porta e sai do veículo de
cabeça baixa.
LUIZA
Vou avisar na portaria que é o seu avô quem irá te buscar
hoje.
Caminha rumo a escola, Júlia fica alguns segundos ao lado
do carro, com os braços cruzados.
LUIZA
Vem logo menina.
Júlia segue sua mãe, de cabeça baixa.
CENA
05. LOJA DE BRINQUEDOS. DIA. INT.
Samuel atende uma senhora, na seção de bonecas. De longe
ele está sendo observado pela a entidade que foi invocada em seu quarto. Embora
esteja no meio do corredor, as pessoas parecem não vê-la ali.
CATARINA
Minha netinha vai adorar essa aqui.
SAMUEL
Certamente vai. É uma boneca muito bonita. A senhora vai
levá-la?
CATARINA
Vou sim, querido.
Samuel pega a boneca e a leva junto com a senhora até o
caixa. A entidade vai atrás deles. Samuel tem a sensação de estar sendo
seguido. Vira-se rapidamente e não vê ninguém.
CATARINA
(estranha)
Aconteceu alguma coisa?
SAMUEL
Não, nada. Pensei que tinha alguém atrás da gente.
Vira-se novamente em direção ao caixa. Catarina também olha
para trás e não vê nada.
SAMUEL
Vamos, vou pedir que façam um belo embrulho para a senhora.
CATARINA
(feliz)
Obrigada.
CENA
06. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
Hernesto entra na cozinha carregando um grande bolo de
chocolate em uma bandeja. Coloca sobre o balcão e solta um sorriso.
HERNESTO
(feliz)
Minha netinha vai adorar esse bolo que comprei pra ela.
Verifica as horas no relógio pendurado na parede. Coloca o
pano que trazia no ombro, ao lado da bandeja.
HERNESTO
Tenho que ir buscá-la.
Pega a bandeja do bolo, caminha até o fogão, abre o forno e
o coloca lá dentro. Saí apressado da cozinha.
CENA
07. COLÉGIO DOM PEDRO. RUA. MEIO-DIA. INT.
Hernesto está em pé, ao lado de um poste público em frente
à entrada do colégio. O sinal toca e algumas crianças começam a sair. Após
alguns minutos de espera e praticamente quase todas as crianças já terem ido
embora, Hernesto se preocupa por não ter visto Júlia. Caminha em direção ao
colégio.
HERNESTO
Oi, a turma da Júlia Albuquerque ainda não saiu?
GUARDA
Já saiu, sim.
HERNESTO
Estranho, eu não vi a minha neta saindo. Será que eu
poderia entrar e verificar se ela não está lá dentro? Talvez esteja me
esperando na sala.
GUARDA
Claro.
HERNESTO
Obrigado.
CENA
08. COLÉGIO DOM PEDRO. CORREDORES. MEIO-DIA. INT.
Hernesto entra no colégio e caminha pelos corredores. Passa
de sala em sala, à procura de Júlia.
CENA
09. COLÉGIO DOM PEDRO. SALA DE AULA. MEIO-DIA. INT.
Júlia está sentada na cadeira abraçada com sua mochila,
aparentemente com medo. Uma professora está ao lado dela, tenta fazê-la ir para
casa.
MARTA
(agachada)
O que você está sentindo, querida?
JÚLIA
(triste)
Quero minha mãe!
MARTA
A tia Gabriela está tentando ligar para sua mãe, está bem?
Marta acaricia a cabeça de Júlia. Hernesto passa pela sala
que está com a porta aberta e encontra sua neta.
HERNESTO
Querida, eu estou te esperando há um bom tempo lá fora. O
que houve?
Júlia se apavora ao ver o avô entrar na sala, segura forte
o braço da professora.
MARTA
(se levanta)
O senhor quem é?
HERNESTO
Oi. Sou o avô da Julinha. A mãe dela me pediu para
buscá-la.
MARTA
Ah sim, realmente ela deixou um recado na portaria.
Marta estranha a maneira que Júlia aperta o braço dela.
MARTA
Seu avô veio buscar você, querida. Vamos para casa?
JÚLIA
(nervosa)
Eu quero a minha mãe! Eu quero a minha mãe!
Júlia se levanta e abraça a professora. Marta estranha a
reação da menina.
HERNESTO
Mamãe está no trabalho, Julinha. Por isso ela pediu que eu
viesse te buscar.
A professora Gabriela entra na sala, com um celular na mão.
GABRIELA
A mãe dela não atende. (repara em Hernesto) Oi, o senhor
deve ser o avô da Julinha?
HERNESTO
Sim, sou eu.
GABRIELA
Que bom. (caminha até Júlia) O vovô tá aqui, Julinha. Ele
veio buscar você.
Júlia continua abraçada com Marta. A professora estranha a
reação da garota ao ver o avô.
JÚLIA
Eu quero a minha mãe!
MARTA
(a Hernesto)
Ela tá assim desde que o sinal tocou.
Hernesto se aproxima. Júlia recua para trás da professora.
Marta estranha a reação.
HERNESTO
(simpático)
O vovô comprou um bolo de chocolate delicioso, Ju. Vamos
pra casa. Suas professoras também querem ir embora.
GABRIELA
Ela disse que quer que a mãe venha buscá-la.
HERNESTO
Mamãe está de plantão, querida. Por isso que ela me mandou
aqui.
MARTA
Não quer ir para a casa do vovô?
Júlia não responde. Apenas observa Hernesto, com uma
expressão de medo no rosto.
HERNESTO
(um pouco irritado)
Deixa de teimosia, Ju. Para de ficar segurando suas
professoras aqui. Vamos pra casa agora.
MARTA
(a Gabriela)
Tenta ligar de novo para a mãe dela, por favor.
GABRIELA
Ela não atende. Sempre caí na caixa postal.
HERNESTO
Minha filha está ocupada, ela não vai poder atender agora.
Professoras, desculpem o que minha neta está fazendo. Ela às vezes costuma ter
essas pequenas crises. (olha sério para Júlia) Deixa de brincadeira, Ju. Vamos
logo pra casa.
Hernesto caminha até a garota, segura o braço dela e a
separa de Marta. Júlia sente vontade de chorar, abaixa a cabeça. Com a outra
mão, Hernesto pega a mochila da garota.
MARTA
(desconfiada)
Acho melhor tentarmos entrar em contato com a mãe dela
antes. A menina parece estar assustada com alguma coisa.
Hernesto segue o caminho em direção a porta, segura firme a
mão de Júlia.
HERNESTO
Ela é assim mesmo professora. Não se preocupe, está tudo
bem. Tem um bolo gostoso esperando ela em casa.
Marta se apressa, o impede de sair da sala.
MARTA
(séria)
Desculpa, senhor. Mas como professora dela, não posso
deixar que nenhum aluno saia desse jeito, sem saber se realmente está tudo bem.
HERNESTO
Professora, não se preocupe. Está tudo bem. Não vamos mais
perder o tempo de vocês.
MARTA
(a Júlia)
Você quer ir para a casa com o seu avô, Júlia?
Hernesto aperta forte a mão da garota. Júlia entende o
sinal, e confirma que sim com a cabeça.
MARTA
(desconfiada)
Se você quiser, podemos entrar em contato com a sua mãe?
Júlia continua de cabeça baixa, em silêncio.
HERNESTO
Não vamos ficar enrolando mais, né professora. Todo mundo
aqui quer ir pra casa, então com licença.
Sai da sala, puxando o braço de Júlia. Marta se aproxima de
Gabriela, com uma expressão séria no rosto.
MARTA
Não gostei da forma que a Julinha ficou quando viu o avô.
Me empresta o celular, Gabi. Vou tentar ligar para a mãe dela novamente.
Gabriela entrega o celular para Marta. As duas saem da
sala.
CENA
10. LOJA DE BRINQUEDOS. VESTIÁRIO. MEIO-DIA. INT.
Samuel se prepara para o almoço, quando sente aquela mesma
sensação de estar sendo observado. Ao guardar seu uniforme dentro da mochila,
olha para os lados e não vê ninguém. Ouve um sussurro em seu ouvido.
VOZ
(demoníaca, tom baixo)
Os pecadores pagarão pelos seus pecados!
Samuel deixa sua mochila cair no chão. Olha assustado para
os dois lados, mas se encontra sozinho.
CENA
11. CASA DE HERNESTO. SALA. MEIO-DIA. INT.
Hernesto chega em casa ainda segurando firme o braço da
neta. Júlia chora de cabeça baixa. Ele joga a garota com força no sofá.
HERNESTO
(irritado)
Eu só te pedi que parasse de chorar. Só isso.
Júlia está apavorada com a reação irritada do avô.
HERNESTO
(irritado)
Mas não, você precisava fazer seu showzinho na frente das
suas professoras. Viemos o caminho inteiro, com todas as pessoas olhando pra
gente. Pensa que eu não percebi o jeito que elas ficaram?
JÚLIA
(chora)
Por favor, não faz nada comigo.
Hernesto senta-se ao lado dela, a garota recua apavorada do
avô.
HERNESTO
(calmo)
Sabe o que eu tinha planejado pra gente? Se você tivesse se
comportado bem, chegaríamos em casa e comeríamos um pedaço de bolo delicioso
que eu comprei pra você.
Aponta para a cozinha, Júlia não vira o rosto para trás.
Mantém sua atenção para o avô, apavorada.
HERNESTO
Mas você tinha que agir daquele jeito. Agora,
receberá uma punição por isso.
Se aproxima de Júlia, segura o braço dela com força. Ela se
desespera.
JÚLIA
(em desespero)
Por favor... Não me machuca. Por favor, vô...
HERNESTO
(acaricia o rosto dela)
Eu não vou machucar minha netinha. Jamais faria isso.
Joga seu corpo em cima da garota, começa a beijar o pescoço
dela. Júlia coloca os braços entre eles, tenta empurrá-lo, enojada com aquilo.
HERNESTO
Se você não quer que eu te machuque, é melhor ser boazinha
agora, menina.
Hesnesto leva sua mão esquerda até a virilha da menina,
acaricia a parte íntima de Júlia por cima da roupa dela.
JÚLIA
(apavorada)
Não, não, não!
Júlia se debate contra o avô, tenta escapar. Hernesto a
segura mais forte.
HERNESTO
(rude)
Eu não quero machucar você, mas se você continuar assim,
você não me dá outra escolha.
Tenta abrir o zíper da calça dela à força. Júlia se debate,
começa a gritar.
JÚLIA
(grita, apavorada)
Não, não, não. Saí, me deixa. Eu não quero. Eu não quero.
Hernesto se irrita, sobe em cima da garota e pressiona as
pernas delas com as suas. Consegue abrir o zíper.
HERNESTO
Eu não quero deixar marcas em você, Júlia. Melhor você se
comportar, porque você sabe como isso vai terminar.
Júlia estava cansada dos abusos e queria de qualquer forma
não ser forçada a fazer aquilo novamente. Como estratégia, permite que ele tire
a calça dela.
HERNESTO
Boa garota. (sorri)
Hernesto puxa a calça da garota. Fica em pé, a observa com
um sorriso malicioso no rosto.
HERNESTO
Essa é minha menina. (sorri)
Hernesto tira sua camisa e joga ao lado. Júlia continua no
sofá, imovel e de cabeça virada para o lado. No momento que Hernesto vai tirar
a calça, Júlia aproveita essa oportunidade, se levanta rapidamente do sofá e
corre em direção ao quarto aos gritos.
JÚLIA
(gritos)
Socorro! Socorro, por favor! Alguém me ajuda, por favor.
Socorro!
HERNESTO
(enfurecido)
Garota volte aqui... para de gritar.
Puxa a calça rapidamente e joga no sofá. Corre de cueca
atrás da garota. Na porta de entrada, a entidade sombria que observava Samuel
está parada olhando para Hernesto indo atrás da neta. Seus olhos vermelhos
focam em direção aos quartos e calmamente vai atrás deles.
CENA
12. COLÉGIO DOM PEDRO. SECRETÁRIA. MEIO-DIA. INT.
Marta continua tentando entrar em contato com a mãe de
Júlia. Assim como nas tentativas anteriores, sempre caí na caixa postal.
MARTA
A mãe dela não atende.
GABRIELA
Vai ver que ela está ocupada mesmo.
MARTA
Mas que tipo de mãe é essa que não atende à ligação do
colégio da filha? Eu tive a sensação de que tinha algo errado com a Júlia e o
avô.
GABRIELA
Você conversa com a mãe dela amanhã, quando ela vier deixar
a menina.
MARTA
Vou tentar ligar uma última vez.
CENA
13. CASA DE HERNESTO. QUARTO. MEIO-DIA. INT.
Júlia entra em um dos quartos apavorada. Tranca a porta e
corre para debaixo da cama. Hernesto chega segundos depois, bate na porta com
força.
HERNESTO
(v. o)
Abre essa porta, Júlia. (soca a porta) Não faça eu ser
grosseiro com você.
Gira a maçaneta. Soca a porta com mais força. Júlia está
apavorada. Ela fecha os olhos e cruza as mãos.
JÚLIA
(chora)
Por favor, alguém me ajuda. Alguém me ajuda. Por favor, por
favor... (grita) Socorro!!!
HERNESTO
(irritado)
Cala essa boca, garota. Você quer chamar a atenção dos
vizinhos.
A entidade entra no corredor. Observa Hernesto por alguns
segundos.
HERNESTO
Olha, você está testando a minha paciência. (soca a porta)
Abre essa porta agora, Júlia. Estou perdendo a cabeça com você. E você não quer
me ver perder a cabeça, quer?
Júlia continua com as mãos juntas, orando para ser salva.
Hernesto se afasta, com a intenção de arrombar a porta.
HERNESTO
Então é assim que você quer? Você não me deu outras opções,
viu.
Antes que tentasse arrombar a porta, percebe algo estranho
ao seu lado. Vira o rosto e se assusta com a criatura sombria que vê.
HERNESTO
(boquiaberto)
O que é isso?
A entidade soca a cara de Hernesto com tanta força que o
faz cair desmaiado no chão. Caído, com apenas uma mão, ela pega a perna direita
dele e o puxa em direção a sala. Júlia continua debaixo da cama, com as mãos
juntas e os olhos fechados, orando por ajuda.
CENA
14. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
O corpo de Hernesto é levado para a cozinha, seguido por um
leve rastro de sangue. A pancada que ele levou na cabeça ao cair no chão, gerou
um ferimento. A entidade pega o corpo dele e o coloca sobre a mesa. Hernesto
acorda, um pouco atordoado. Passa a mão na cabeça, sente um machucado acima de
sua nuca. Ao olhar para sua mão, a vê manchada de sangue.
HERNESTO
O que aconteceu? Aí, minha cabeça. Júlia...
Olha para frente e se assusta com a entidade sombria na
ponta da mesa.
HERNESTO
(assustado)
O que significa isso? O que é você?
A entidade começa a dar algumas voltas pela a mesa, com os
olhos vermelhos vidrados em Hernesto. Vê-la andando daquele jeito, só o deixa
cada vez mais apavorado.
HERNESTO
(apavorado)
Mas o que significa isso?! Que merda você é? (grita)
Socorro! Alguém me...
No instante que Hernesto começa a gritar, os olhos da
entidade brilham, fazendo a boca dele se fechar. Ele emite alguns gemidos
apenas. A entidade se aproxima do rosto dele. Os olhos de Hernesto se arregalam
ao ver aquela face escura tão perto. Tenta gritar, mas não consegue abrir a
boca.
A entidade caminha até o armário. Puxa algumas gavetas e
retira alguns objetos. Hesnesto tenta sair devagarinho de cima do móvel. Os
olhos da entidade brilham novamente, fazendo o corpo dele ficar imóvel deitado
sobre a mesa. Hernesto tenta se mover, mas sem sucesso. Volta a gemer por
pedidos de ajuda. Facas, alicate, tesoura e um martelo são retirados das
gavetas. Como não pode gritar e nem se mover, Hernesto tenta gemer o mais alto
possível.
A entidade segura um alicate grande e se aproxima da mesa.
Olha para a mão esquerda de Hernesto, a mesma mão que ele acariciou a parte
íntima de Júlia. Hernesto começa a chorar, ao ver o que ele pretende fazer com
aquele objeto.
Calmamente a entidade leva o alicate até o dedo indicador
de Hernesto e sem piedade alguma, corta o dedo dele desmembrando-o. Sem poder
abrir a boca, Hernesto geme alto de dor. Na sequência, um a um, os dedos da mão
esquerda de Hernesto são cortados. Após o serviço, a entidade caminha até o
balcão novamente e observa outros itens. Fixa sua atenção em uma faca de
churrasco.
CENA
15. CASA DE HERNESTO. QUARTO. MEIO-DIA. INT.
No quarto, Júlia se dá conta de que seu avô não está mais
batendo na porta. Mesmo assim, continua debaixo da cama, com as mãos cruzadas.
Fecha os olhos mais uma vez e volta a orar.
CENA
16. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
Com a faca de churrasco em mãos, a entidade se aproxima da
mesa. Hernesto ao notar aquele objeto nas mãos daquele ser, se desespera ainda
mais. A entidade olha para a cueca de Hernesto. Ao perceber o que ela pretende
fazer, ele se esforça para tentar abrir a boca.
HERNESTO
(gemidos)
Não, não, não.
Com uma das mãos, a entidade segura a lateral da cueca e
começa a cortá-la com a faca. Com a cueca rasgada ao meio, ela é puxada e
jogada no chão. A entidade leva a ponta da faca até os testículos de Hernesto.
Começa a alisar o objeto na região íntima dele. Completamente em desespero,
Hernesto tenta criar forças para abrir a boca e gritar o mais alto que puder.
Seus gemidos são completamente em vão. Vendo o desespero dele, os olhos da
entidade brilham novamente, o permitindo falar.
HERNESTO
(desesperado, chora)
Por favor, por favor, eu te imploro. Não faz isso. Não faz
isso, por favor. Eu faço o que você quiser. Você pode pegar o que quiser. Mas
por favor, não faz isso. Não faz isso.
Suas súplicas são ignoradas. Com uma das mãos, a entidade
puxa os testículos de Hernesto para cima.
HERNESTO
(grita, desesperado)
Socorro!!! Alguém me ajuda! Socorro!!!
Os olhos da entidade brilham, o fazendo ficar em silêncio
novamente.
CENA
17. CASA DE HERNESTO. QUARTO. MEIO-DIA. INT.
No quarto, Júlia ouve os gritos do avô. Isso a assusta, que
fica sem saber o que fazer.
CENA
18. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
Com os testículos de Hernesto sendo puxados para cima em
uma mão, a entidade em um movimento rápido os corta, fazendo sangue jorrar em
toda a mesa. Dor e desespero são percebidos no rosto de Hernesto. A entidade
olha os testículos de Hernesto em sua mão e os joga no chão como se não fossem
nada. Caminha de volta ao armário, enquanto Hernesto sofre na mesa.
CENA
19. CASA DE HERNESTO. RUA. MEIO-DIA. EXT.
Fora de casa um táxi estaciona. Catarina sai do carro, com
um embrulho de presente nas mãos. Paga a corrida e caminha em direção a casa.
CENA
20. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
A presença de Catarina é sentida pela entidade. Rapidamente
ela pega um martelo que está sobre o balcão da cozinha, volta para a mesa e dá
em sequência três golpes na cabeça de Hernesto. Com a morte dele, ouvidos e
nariz surgem na face sombria da entidade. Assim que Catarina entra em casa, a
entidade desaparece.
CENA
21. CASA DE HERNESTO. SALA. MEIO-DIA. INT.
Catarina entra, coloca sua bolsa no sofá. Olha feliz para o
embrulho que comprou na loja de brinquedos. Coloca ao lado de sua bolsa.
Caminha em direção a cozinha.
CENA
22. CASA DE HERNESTO. COZINHA. MEIO-DIA. INT.
Ao entrar na cozinha, Catarina se depara com a cena
pavorosa do seu marido pelado sobre a mesa, com um martelo em seu crânio,
ensanguentado e morto.
CATARINA
(aterrorizada)
Oh, meu Deus! (grita alto)
CENA
23. LOJA DE BRINQUEDOS. BANHEIRO MASCULINO. MEIO-DIA. INT.
Samuel termina de escovar os dentes. Guarda seus objetos
dentro da mochila. Escuta um ruído estranho atrás dele. Vira-se rapidamente,
porém não vê nada. Olha para o espelho e uma frase começa a ser escrita em
vermelho.
Frase:
“O
pedófilo pagou pelos seus pecados”.
Samuel observa aquilo, apavorado.
FIM DO EPISÓDIO.
A Vontade
do Mal
Temporada 1 | Episódio 2
Criado
e Escrito por:
Anderson Silva
Elenco:
Samuel (Giovanni de Lorenzi)
Benjamin (Eduardo Moscovis)
Elis (Sandra Corveloni)
Regina (Gilda Nomacce)
Meire (Isabele Garcia)
Rajax
© 2021
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