CENA
01. LOJA DE BRINQUEDOS. BANHEIRO MASCULINO. MEIO-DIA. INT.
Samuel continua observando a frase escrita em vermelho no
espelho. Ele olha para todos os lados do ambiente, sem entender o que está
acontecendo. Seu coração acelera. Esfrega os olhos para ver se não está
delirando. Olha para o espelho e a frase continua lá. Outro funcionário entra
no banheiro e repara o estado de Samuel.
BRENO
Tudo bem, cara?
Caminha até a pia, lava as mãos. Samuel olha para ele, em
seguida para o espelho. A frase havia desaparecido.
SAMUEL
(assustado)
Cadê? (aponta para o espelho) Cadê a frase que estava
escrita aqui?
Samuel aponta para o espelho. Breno olha e não vê nada.
Acha o colega maluco.
BRENO
Não tem nada no espelho. (fecha a torneira) Você está bem?
Fome não é, porque você acabou de almoçar.
Caminha até uma das cabines, abre o zíper da calça, urina.
Samuel continua com sua atenção fixada ao espelho.
SAMUEL
Eu tenho certeza do que eu vi. (toca no espelho) Tinha algo
escrito aqui.
BRENO
(responde da cabine)
Acho melhor você voltar para a loja. Teu horário de almoço
acabou.
SAMUEL
(tom baixo)
Eu não entendo.
Breno puxa a descarga, sai da cabine. Caminha até a pia,
lava as mãos novamente.
BRENO
E o que é que estava escrito no espelho que fez você ficar
assim?
Samuel pensa em contar para o colega, mas acaba desistindo.
SAMUEL
(sério)
Nada.
BRENO
(sorri)
Anda, se você se atrasar, o Douglas vai pegar no seu pé.
Breno desliga a torneira e sai do banheiro. Samuel observa
seu reflexo no espelho, se questiona se está ficando louco. Pega sua mochila e
caminha até a saída. Com o banheiro vazio, a entidade surge no local onde
Samuel estava antes. Seu rosto vira para o espelho e reflete a sua verdadeira
face. Uma criatura demoníaca, com chifres, ferimentos no rosto e assustadora.
CAM destaca brevemente a face original da criatura, em sequência registra a
entidade desaparecendo do local.
CENA
02. CASA DE SAMUEL. COZINHA. NOITE. INT.
Samuel e sua mãe jantam em silêncio. O que aconteceu com
ele hoje à tarde, tem tirado sua concentração. Regina percebe o filho estranho,
tenta puxar assunto.
REGINA
Como foi o trabalho hoje, filho?
Samuel não responde. Regina não repete a pergunta, volta a
comer em silêncio. Segundos depois Samuel retorna à realidade.
SAMUEL
(a Regina)
Falou comigo?
REGINA
Eu perguntei como foi o trabalho hoje. Mas pela a sua cara,
não deve ter sido um bom dia.
SAMUEL
Foi normal. (foca em seu prato) Estou apenas pensando em
algumas coisas estranhas que tem acontecido comigo.
REGINA
Que coisas estranhas?
Samuel olha para sua mãe, se questiona se poderia confiar
nela. Olha para o prato novamente.
SAMUEL
Nada. Esquece isso.
REGINA
(preocupada)
Eu sou sua mãe, Samuel. Você pode confiar em mim. Se tem
algo te perturbando, é só me dizer. (segura a mão dele)
SAMUEL
(aflito)
É que... não sei se a senhora acreditaria.
REGINA
Talvez se você me contar.
Samuel a encara por alguns segundos. Fica em silêncio, se
questiona se realmente poderia contar o que estava acontecendo.
SAMUEL
(sério)
Nos últimos dias, algumas coisas estranhas têm acontecido
comigo. Tenho ouvido e sentido coisas, me entende?
Regina lança um olhar estranho para o filho. Solta a mão
dele.
SAMUEL
E hoje, no trabalho eu meio que vi algo, que não sei se era
real ou não.
REGINA
(preocupada)
E o que você acha que viu?
SAMUEL
Eu vi uma frase escrita no espelho do banheiro. Só que não
havia ninguém lá, além de mim. E logo em seguida, a frase desapareceu.
Simplesmente, não sei se isso foi algo da minha cabeça ou se realmente aconteceu.
REGINA
E o que dizia essa frase?
SAMUEL
(receoso)
Eu não lembro. Fiquei tão assustado na hora, que não fiz
questão para o que estava escrito.
Fica atento a sua mãe, à espera de que ela pudesse dar
alguma resposta do que está acontecendo. Regina fica alguns segundos em
silêncio. Não sabe o que dizer, por ter receio de que o filho esteja ficando
louco, igual o pai dele.
REGINA
Acho que deveria falar com a sua tia.
SAMUEL
(sério)
Eu não estou louco, mãe.
REGINA
Eu não estou dizendo isso, só que... pelo o que você me
falou...
Uma fúria súbita percorre o corpo de Samuel, ele se levanta
e soca a mesa com força.
SAMUEL
(grita)
Eu não estou louco!
Essa reação inesperada assusta Regina, que se afasta do
filho. Samuel vê a reação da mãe e o que fez, tenta ficar calmo novamente.
SAMUEL
(respira, tom baixo)
Eu não estou louco!
REGINA
(preocupada)
Só marca uma visitinha, filho. Ela deve ajudar você, mais
do que eu.
SAMUEL
Quer saber. Eu não devia ter contado nada pra senhora.
Sai da cozinha. Regina fica sozinha, apreensiva pelo filho.
Segura o crucifixo em seu pescoço, começa a orar.
CENA
03. RUA. NOITE. EXT.
Após os últimos acontecimentos no ponto de prostituição de
Sindy, algumas garotas decidiram trocar de local. Poucas restaram no ponto.
Milu e outra garota, estão em uma conversinha bem íntima com um homem. Ela está
apoiada na janela do veículo, exibe seu decote.
MILU
(provocante)
Então, vai querer brincar com nós duas ou não?
Passa a mão no peito do homem, acaricia. A garota ao lado,
faz carinho na cabeça dele.
CARA
(animado)
Depois de um dia longo de trabalho como esse, o que eu mais
quero é uma diversão. Entrem aí. (destrava as portas do carro)
Milu desencosta da janela. Olha para Sindy que estava a
poucos metros dali, e pisca para a colega. Ela e a outra garota dão a volta no
veículo, entram em seguida. Milu está ao lado do motorista. Eles saem dali rumo
a um lugar mais confortável. Sindy caminha um pouco pela calçada, à espera de
algum cliente. Um carro prata vem em alta velocidade e para ao lado dela.
Brevemente assustada, ela recua para a calçada. Gabriel (23 anos, pardo, alto)
abaixa o vidro do veículo.
GABRIEL
(sorri)
Oi, gata. Sentiu saudades?
Ao pensar que era um cliente, se aproxima. Ao reconhecer
que é um de seus estupradores, fica furiosa.
SINDY
(furiosa)
Seu filho da puta!
Tenta jogar a bolsa na cara dele, mas o vidro do veículo
sobe rapidamente.
SINDY
(grita)
Seu covarde. Sai daí se você é homem.
Ao ver aquela gritaria, algumas garotas começam a se
aproximar. Dentro do carro, Gabriel ri da cena. Acelera em sequência.
SINDY
(grita)
Vai fugir, né?!
Joga sua bolsa no veículo, mas não o acerta.
SINDY
Vai pro inferno, desgraçado!
LINDA
Quem era, Sindy?
CASSANDRA
É o cara que te violentou?
SINDY
Era ele sim, meninas. Veio zombar de mim.
LINDA
Porque não nos chamou. Todas nós iríamos adorar dar um
jeitinho nele.
SINDY
Tudo bem. Espero que aquele ali não volte nunca mais aqui.
Pega sua bolsa do chão e volta para a calçada. As demais
garotas começam a se dispersar. Do outro lado da rua, a entidade observou o que
aconteceu. Seus olhos vermelhos brilham, desaparecendo na sequência.
CENA
04. BOATE. NOITE. INT.
Gabriel e o primo entram em uma boate bem animada. Caminham
até o bar, observam algumas garotas dançando na pista. Ele e o primo sentam em
alguns banquinhos.
JAIME
Não sei por que você foi até aquelas garotas novamente.
Imaginou se elas cercam o carro?
GABRIEL
Eu passaria por cima de todas elas. (vira-se para pista)
JAIME
Vai querer o que?
GABRIEL
Por enquanto, estou caçando a nossa diversão da noite.
Sorri para uma garota dançando com outras duas bem próximas
ao bar. Ela retribui o sorriso. Jaime vira-se para a pista e também vê a garota
para quem o primo sorriu.
JAIME
Gostosa, hein.
GABRIEL
Né.
JAIME
Trouxe a parada lá?
GABRIEL
Você já me viu esquecer disso alguma vez?
Vira-se para o bar. Tira do bolso da calça um vidrinho com
um líquido transparente dentro. Esconde segundos depois.
JAIME
Queria que o Dan estivesse aqui com a gente.
GABRIEL
Também. Deixa eu descobrir qual foi a vadia que fez isso
com ele, que ela vai me pagar.
JAIME
A polícia tem alguma pista?
GABRIEL
Nenhuma. Esses corruptos não trabalham não, cara. Estão nem
aí pra população.
Vira-se para a pista novamente. Atenta sua atenção para a
garota dançando, continua flertando com ela.
GABRIEL
Por enquanto, precisamos honrar a memória do nosso amigo,
não é não? (cutuca o braço do primo, sorri)
JAIME
(a garota)
Oh, se é.
GABRIEL
(vira-se para o bar)
Deixa eu preparar o terreno antes. (chama o barmen) Amigo,
um mojito aqui!
Vira-se para a pista, volta a flertar visualmente com a
garota. De longe, os dois estão sendo observados pela a entidade. Embora esteja
na pista de dança, ninguém consegue vê-la.
CENA
05. CASA DE SAMUEL. QUARTO. NOITE. INT.
Samuel está deitado em sua cama. Observa o teto, pensativo.
Tem dúvidas, se realmente está ficando louco.
CENA
06. BOATE. NOITE. INT.
Com sua bebida em mãos, Gabriel convida a garota que estava
flertando para o acompanhá-lo no bar. Gabriel se aproxima do ouvido do primo.
GABRIEL
É melhor você esperar lá fora.
Jaime se levanta e caminha até a pista. Segundos depois, a
garota senta-se no banco onde ele estava.
GABRIEL
Aceita? (sorri, oferece o drink para garota)
ELISA
Aceito, sim.
GABRIEL
(ao barmen)
Amigo, trás mais um, por favor. (a Elisa) Como se chama?
ELISA
Elisa!
GABRIEL
Prazer, Gabriel. Uma garota bonita como você, deve estar
acompanhada, certamente?!
ELISA
(ri)
Só vim com algumas amigas mesmo. E o rapaz que estava do
seu lado, quem é?
GABRIEL
Aquele cara é o meu primo. Ele tá de passagem na cidade,
então decidi mostrar um pouco alguns locais divertidos, antes dele ir embora
amanhã.
ELISA
Ah, é. Que primo legal, você é.
GABRIEL
O que não fazemos pela a família, não é mesmo?!
Toma um gole de sua bebida, sem tirar os olhos de cima da
garota. Uma garota se aproxima de Elisa, diz algo no ouvido dela. Na sequência,
a puxa do banquinho, em direção ao banheiro feminino.
ELISA
(a Gabriel)
É já que eu volto.
Gabriel sorri, pois era a oportunidade que ele estava
esperando. A bebida que ele pediu para Elisa chega.
GABRIEL
Obrigado, amigo.
Espera o barman se afastar, puxa o copo para perto. Presta
atenção ao redor da boate, verifica se tem alguém olhando. Rapidamente puxa o
vidrinho dentro do bolso da calça. Pega o copo, leva para debaixo do balcão,
entre suas pernas. Vira o líquido transparente do vidrinho no copo e mistura
tudo. Verifica mais uma vez se não tem ninguém olhando. Coloca naturalmente a
bebida sobre o balcão. Guarda o vidrinho em seu bolso. Aguarda tranquilamente
Elisa voltar do banheiro.
CENA
07. CASA DE SAMUEL. BANHEIRO. NOITE. INT.
Após sair do banho, Samuel fica de frente para o que sobrou
do espelho de seu guarda roupa. Observa fixamente seu reflexo. Tem medo de que
assim como o pai, acabe terminando em um manicômio. Ao lado de seu reflexo, uma
frase começa a ser escrita. Isso o deixa assustado mais uma vez.
Frase: “Eles não
aprendem!”
Samuel recua do seu guarda roupa, apavorado com aquela
frase.
CENA
08. BOATE. NOITE. INT.
Minutos depois, Elisa retorna para o bar.
ELISA
(senta-se)
Desculpe a demora.
GABRIEL
Sem problema. Aí está sua bebida.
Aponta para o copo à frente dela, vira-se e a observa.
GABRIEL
(sorri)
Espero que goste.
ELISA
Estava pensando em irmos dançar um pouquinho, o que acha?
Empurra o copo para o lado, se aproxima de Gabriel.
GABRIEL
Antes... (pega seu copo) ... um brinde. A família e amigos.
Elisa o observa por alguns segundos. Pega o copo que
empurrou para o lado e brinda junto com Gabriel. Ele a observa beber tudo de
uma vez. Na sequência, ele bebe de uma vez seu drink.
ELISA
Vamos pra pista agora?
GABRIEL
(sorri)
Vamos!
Segura na mão dela e os dois vão para a pista de dança. Os
dois começam a dançar por um tempo. Minutos depois Elisa vai diminuindo seu
ritmo.
ELISA
Uau... (se apoia em Gabriel) As coisas começaram a girar de
repente.
GABRIEL
Tudo bem?
Mantém um sorrisinho no rosto ao perceber que o que ela
tomou está fazendo efeito.
ELISA
(tonta)
Eu não sei. Por favor, me leva até a minha amiga. Ela deve
estar por ali.
Aponta para o lado esquerdo, se apoia no ombro de Gabriel.
GABRIEL
Calma...
Coloca o braço dela ao redor de seu pescoço. A segura pela
cintura.
GABRIEL
Vamos sair um pouco daqui. Talvez essa multidão não esteja
te fazendo muito bem.
ELISA
(sonolenta)
Não. Eu quero minha amiga. Sara! (tenta falar alto) Sara!
GABRIEL
Calma. Vamos para um lugar mais tranquilo.
Com ela apoiada em seu ombro, os dois vão em direção a
saída.
ELISA
(fraca)
Sara! Sara!
Tenta virar seu corpo para trás, na direção que apontou,
mas sente o corpo pesado.
ELISA
(sonolenta)
Sara!
GABRIEL
Eu tenho quase certeza de que eu a vi indo lá pra fora.
Gabriel consegue passar por meio das pessoas naturalmente.
Elisa está apoiada em seu ombro, praticamente desacordada.
CENA
09. RUA. NOITE. EXT.
Ao sair da boate, Gabriel disfarça ao passar pelo
segurança.
GABRIEL
Ela bebeu um pouquinho, amigo. Sou o namorado dela. (sorri,
tenta ser simpático)
O segurança olha estranho para aquela situação. Gabriel
continua levando-a para o carro, a poucos metros dali. O carro está ligado.
Jaime abre a porta traseira do veículo.
JAIME
Ela apagou?
GABRIEL
Sim.
Coloca o corpo da garota primeiro, a ajeita no banco de
trás. Entra em seguida no veículo e fecha a porta.
GABRIEL
(sorri)
Isso é tira e queda.
JAIME
E a amiga dela? Ela não te viu.
Gabriel acaricia o rosto da garota desacordada.
GABRIEL
Acho que não. Mas assim que perceber a nossa falta,
começará a nos procurar. (acaricia as pernas da garota) Imagina só esse
corpinho sem roupa?!
JAIME
(olha para garota)
Ela parece ser bem gostosinha.
GABRIEL
Anda, vamos sair daqui.
JAIME
Claro.
Acelera o veículo e saem rapidamente de frente da boate. O
segurança estranha o modo que o carro saiu. Pega o celular na sequência e faz
uma ligação.
CENA
10. CARRO. NOITE. INT.
Jaime está um pouco além da velocidade, tenta se afastar o
máximo da boate.
JAIME
Aonde vamos?
Gabriel abre o zíper de sua calça e a retira.
GABRIEL
Só vai dirigindo aí, enquanto me divirto aqui com ela.
Coloca as pernas dela sobre as suas. Tira a calça da
garota. Jaime bisbilhota pelo retrovisor.
JAIME
Essa é lisinha?
GABRIEL
Calma, eu ainda não vi.
Observa a calcinha da garota, em um olhar doentio.
GABRIEL
Mas pela marca da calcinha, sim. (sorri)
Gabriel ri junto com o primo. Ele retira a calcinha de
Elisa. Em seguida, tira sua cueca. Se ajeita um pouco na traseira do carro,
abre as pernas da garota e começa o abuso. Jaime dirige e bisbilhota o que está
acontecendo atrás.
CENA
09. ESTRADA DESERTA. NOITE. EXT.
Jaime estaciona o carro em local distante da cidade, com
bastante árvores ao redor. Sua calça está com o zip aberto, tira ela ali mesmo.
Sai somente de cueca do veículo, indo até a porta traseira.
JAIME
(abre a porta)
Tá, bom cara. (tenta puxar o primo) É a minha vez agora.
Você veio o caminho inteiro se divertindo.
GABRIEL
Já estou terminando aqui. Espera, estou quase lá.
Elisa começa a acordar, porém ainda sente seu corpo pesado.
ELISA
(sonolenta)
Sara!
Sente um incômodo abaixo de sua cintura. Abre brevemente
seus olhos.
ELISA
(sonolenta)
O que você está fazendo?
GABRIEL
(sorri)
Acordou bem na hora, bebê.
Elisa tenta manter os olhos abertos, ao perceber o que está
acontecendo.
ELISA
(apavorada)
O que é isso? O que vocês estão fazendo? Para, por favor.
Tenta empurrá-lo, mas seu corpo continua pesado.
GABRIEL
Parar porque, se tá tão gostoso aqui?
JAIME
Anda, cara. O efeito da droga está passando. Logo ela vai
recobrar a consciência e vai ser difícil continuar. É a minha vez agora.
Elisa aos poucos vai recobrando as forças em seu corpo.
Tenta tirar Gabriel de cima dela, mas seus braços continuam pesados. Começa a
chorar.
ELISA
(chora)
Para, por favor. Me deixa ir embora.
Tenta empurrá-lo mais uma vez, sem sucesso. Tenta gritar,
mas sua voz não sai tão alto assim.
ELISA
(grita)
Socorro! Sara! Sara!
Jaime se irrita pela demora do primo, o puxa pela camisa e
o joga para fora do veículo.
JAIME
Chega, sou eu agora.
GABRIEL
(irritado)
Tá, maluco, Jaime! (se levanta) Eu disse que estava
terminado.
JAIME
Você é lerdo demais.
Entra no veículo só de cueca. Abre as pernas de Elisa. A
garota tenta se livrar dele, mas sem sucesso.
JAIME
Aprende como é que se faz.
Inicia o abuso. Elisa continua chorando, tenta reunir
forças para empurrá-lo.
ELISA
(chora)
Não, para, por favor. Me deixem ir.
Jaime está sendo um pouco mais bruto que o primo.
ELISA
(chora)
Me deixem ir! Parem,por favor. Parem!
JAIME
Calma, isso vai acabar logo.
GABRIEL
Isso não vai durar nem 30 segundos.
Se escuta um barulho vindo logo à frente, em meio às
árvores. Gabriel se assusta, se afasta do veículo em direção ao som.
GABRIEL
(tom alto)
Tem alguém aí?
Jaime para o abuso, olha pela janela.
JAIME
O que foi?
GABRIEL
Ouvi algo ali. (volta para o veículo) Me dá aí minha cueca.
JAIME
E eu lá sei, onde está sua cueca.
GABRIEL
Tá aí no chão, do teu lado.
Jaime olha para baixo, pega a cueca do primo e joga nele.
JAIME
O que você vai fazer?
GABRIEL
Eu ouvi algo vindo dali. (veste a cueca) Vou ver o que é.
Gabriel dá a volta no veículo, caminha em direção de onde
ouviu o ruído. Jaime sai do carro, observa o primo. Elisa aproveita a
oportunidade, tenta reunir forças e começa a se vestir.
JAIME
(preocupado)
Será que é alguém?
GABRIEL
Eu que vou saber. Você que nos trouxe pra cá. Você devia
ter verificado se não havia ninguém na área.
Jaime pega sua calça no banco do motorista. A veste e se
aproxima até a traseira do veículo.
JAIME
Eu vou com você.
GABRIEL
Só vou até aquela árvore ali, panaca. Fica aí.
Caminha em direção de onde veio o barulho. Seu primo fica
ao lado do carro, observa.
GABRIEL
(tom alto)
Tem alguém aí? Oi?
Dentro do carro, Elisa consegue vestir sua calça. Ao olhar
para fora, percebe um ser escuro em pé, ao lado de Jaime. Seus olhos se
arregalam de medo.
ELISA
(assustada)
O... o que... o que é isso? (grita)
Gabriel e Jaime viram-se rapidamente ao ouvir o grito da
garota. Jaime se apavora com aquele ser ao seu lado.
JAIME
(tom alto)
Que porra é essa!
A entidade rapidamente segura o pescoço de Jaime. Gabriel
se assusta com a criatura enforcando o primo.
GABRIEL
(apavorado)
Caralho!
A entidade olha em direção a Gabriel. Seus olhos vermelhos
brilham e os três desaparecem dali. Elisa sai do veículo, ainda se apoiando.
Olha para todos os lados e não vê ninguém. Ela grita assustada.
CENA
10. GALPÃO ABANDONADO. NOITE. INT.
Gabriel e Jaime estão pendurados a poucos metros do chão
por um gancho de ferro, perfurando suas mãos, semelhantes a carnes em açougue.
Ambos estão desacordados. O ser demoníaco está à frente deles, observando-os
atentamente. Eles começam a acordar, sentem um incômodo em suas mãos.
GABRIEL
(olha para cima)
Mas que porra é essa? O que está acontecendo aqui, caralho?
Começa a se movimentar, ferindo mais ainda suas mãos. Olha
para a entidade logo abaixo, fica imóvel. Jaime desperta ao lado, olha para
entidade e tem a mesma reação do primo.
JAIME
(apavorado)
O que é aquilo?
A entidade exibe o frasco vazio que estava na calça de
Gabriel. Em seguida, aponta para uma palavra escrita na parede, logo acima.
PALAVRA: “Abusadores!”
JAIME
(apavorado)
O que essa coisa vai fazer com a gente?
Começa a urinar de medo, molha sua calça. Gabriel se
contorce pendurado, tenta sair dali. Ignora que os movimentos estão ferindo
cada vez mais suas mãos.
GABRIEL
(grita)
Socorro! Alguém me tira daqui! Socorro!
Jaime também começa a gritar.
JAIME
(grita)
Eu quero sair daqui. Me tirem daqui. Socorro! Socorro!
Os olhos do demônio brilham, fazendo as bocas deles se
fecharem e seus corpos ficarem imóveis. Jaime e Gabriel tentam falar, só
conseguem gemidos. A entidade caminha até uma mesa ao lado. Observa dos galões
de ácido sulfúrico. Ela olha para os rapazes pendurados, pega os galões e
flutua até eles.
Os olhos de Jaime e Gabriel ficam arregalados, ao ver
aquele ser flutuando vindo em sua direção. Os olhos da entidade brilham,
obrigando-os a ficarem de boca bem aberta. Eles tentam fechar suas bocas, mas
sem sucesso. A entidade se aproxima dos dois. Ao perceber o que ela pretende,
os garotos se desesperam.
Gabriel e o primo tentam fechar seus lábios, mas continuam
abertos. Calmamente, a entidade vira o líquido dos galões na boca de cada um. O
ácido corrosivo imediatamente começa a queimá-los por dentro. Em questão de
tempo, suas gargantas ficam avermelhadas. Suas bocas começam a sangrar. Os dois
se desesperam, ao sentir o ácido os corroendo por dentro. Gemidos de dor e
desespero é a única coisa que eles conseguem emitir. Ver os dois agonizando,
deixa a entidade satisfeita.
Além dos olhos, nariz e orelhas na face escura da entidade,
uma boca começa a se formar. Com bastante líquido inserido, os peitos e abdômen
dos rapazes começam a se avermelhar. O ácido queima tanto o interior deles, que
começam a soltar excrementos. Ambos já estão mortos.
A entidade se afasta, solta os galões no chão. Vê-los
mortos daquele jeito, a deixa feliz. Isso é nítido pelo sorriso em seu rosto.
Agora que sua face tem uma boca, a entidade emite uma gargalhada demoníaca.
FIM DO EPISÓDIO.
A Vontade
do Mal
Temporada 1 | Episódio 3
Criado
e Escrito por:
Anderson Silva
Elenco:
Samuel (Giovanni de Lorenzi)
Benjamin (Eduardo Moscovis)
Elis (Sandra Corveloni)
Regina (Gilda Nomacce)
Meire (Isabele Garcia)
Rajax
© 2021
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