CENA
01. CASA DE MEIRE. SALA. TARDE. INT.
Legenda:
Alguns dias depois...
Meire serve uma xícara de café para Benjamim (48 anos,
alto, cabelos grisalhos) e Elis (46 anos, cabelos castanhos, baixa). Meire lhes
enviou um email dias atrás, contando o que está acontecendo com seu sobrinho.
Acredita que algo sobrenatural esteja perturbando Samuel.
ELIS
(recebe a xícara)
Obrigada, querida.
MEIRE
Que bom que vocês estavam próximos daqui.
Pega uma xícara, senta-se na poltrona ao lado. Os observa,
com uma certa angústia.
MEIRE
Imaginei que estaria em algum caso e que talvez nem veriam
meu email.
BENJAMIN
(tom humorado)
Elis olha os e-mails todo dia.
ELIS
Recebemos pedidos de ajuda constantemente, de diversos
lugares do país.
MEIRE
Entendo.
BENJAMIN
O mal não descansa, Meire. Precisamos ficar em alerta o
tempo todo.
Meire coloca a xícara na bandeja, pega o seu bloco de
anotações ao lado.
MEIRE
(tensa)
Pior que é verdade.
ELIS
Poderia nos contar melhor o que está acontecendo com o seu
sobrinho?
Folheia algumas páginas do bloco, observa atentamente as
suas anotações. Elis deixa a xícara na bandeja, encara Meire.
MEIRE
Alguns dias atrás meu sobrinho veio até mim, para me pedir
ajuda. Ele estava com medo de estar ficando louco, assim como o pai dele.
Conforme ele foi contando o que estava acontecendo com ele, logo percebi que
não se tratava nada de loucura.
ELIS
É algo paranormal?
MEIRE
Acredito que sim. Ele me contou que começou a ouvir e ver
coisas. Ele achava que estava ficando louco. Mas na verdade, acredito que isso
seja responsável por alguma entidade maligna que tenha se apossado do corpo
dele.
BENJAMIN
O que exatamente ele chegou a ver?
MEIRE
Inicialmente... (observa suas anotações) ...ele começou a
ouvir uma voz estranha em seu ouvido. Em seguida, começou a ver frases escritas
em sangue. Por último, chegou a ver a “si mesmo”.
Elis e Benjamin se entreolham, ambos receosos.
MEIRE
Em um livro de vocês, vocês chegam a contar que certos
espíritos se aproveitam da fragilidade humana e meio que se hospedam neste
indivíduo. A entidade então começa a se alimentar de sua força vital. Para
deixar o indivíduo mais fraco, começa a mostrar e dizer coisas na mente desse
hospedeiro. Muitos não chegam a suportar, surtam e são considerados como
loucos. Eu não sei se o meu sobrinho está com algum espírito preso a ele, se
alimentando de sua alma. Por isso que eu quero pedir a ajuda de vocês.
BENJAMIN
Os espíritos obsessores normalmente buscam uma forma de se
comunicar com o seu hospedeiro. É uma forma de diversão pra eles. Eles gostam
que o hospedeiro sinta a presença dele ali.
ELIS
Começam então a ter algumas alucinações, como ver e ouvir
coisas.
BENJAMIN
Quanto mais fragilizado o hospedeiro fica, mais forte se
torna a entidade.
ELIS
Então, quando mais cedo ele for descoberto...
BENJAMIN
(complementa)
...as chances de expulsá-lo serão maiores.
ELIS
Onde está o seu sobrinho?
MEIRE
Ele está vindo para cá.
BENJAMIN
Ótimo. Assim que chegar, minha esposa é capaz de sentir se
há ou não um espírito obsessor em seu sobrinho.
CENA
02. ÔNIBUS. TARDE. INT.
Samuel está sentado no final do ônibus, com seu cotovelo
apoiado na janela e sua cabeça encostada na cadeira. Ele parece bem exausto,
com olheiras no rosto, como se não tivesse tido uma boa noite de sono há dias.
CENA
03. CASA DE MURILO. SALA. TARDE. INT.
Murilo está sentado no sofá, troca mensagens com uma fiel
de sua igreja. Sua esposa entra na sala, rapidamente ele guarda o celular. Ele
se levanta e caminha até ela.
MURILO
Tem certeza de que quer ir para essa reunião?
ALINE
Eu combinei com as irmãs, não posso desmarcar agora.
MURILO
Fico tão feliz em ver minha querida esposa tão empenhada
assim no serviço do Senhor. Ainda mais grávida, do nosso filho.
Ajoelha-se, beija a barriga dela, sorri na sequência.
ALINE
Eu sei que você nos ama, mas tenho que ir agora querido.
(um carro buzina lá fora) Olha só, a Rosângela chegou.
Murilo se levanta, acompanha a esposa até a porta.
MURILO
Qualquer coisa me liga que vou te buscar.
ALINE
Tá, bem.
Murilo abre a porta, e leva Aline até o carro. Beija
brevemente a esposa e retorna para casa. Dentro do veículo, Aline acena em
direção ao marido e vai embora em seguida com sua amiga. Murilo fecha a porta
com um sorrisinho no rosto, pega o celular em seu bolso e continua a trocar
mensagens com uma fiel. Minutos depois, ele caminha apressado até o sofá, pega
a chave de seu carro e sai de casa.
CENA
04. CASA DE MEIRE. SALA. TARDE. INT.
Samuel entra no cômodo um pouco constrangido, é acompanhado
por Meire até o sofá onde estão Benjamin e Elis. Ele cumprimenta o casal, em
seguida senta-se ao lado de Elis.
MEIRE
Eles irão me ajudar a resolver tudo isso que têm acontecido
com você, Sam.
SAMUEL
Vocês também são especialistas no assunto?
BENJAMIN
Podemos dizer que sim, meu rapaz.
Olha para Meire, que recebe o sinal de não revelar seu
verdadeiro trabalho.
BENJAMIN
Mas, digamos que o que fazemos, se atrela a esta área.
Desde que Samuel entrou na sala, Elis vem tentando sentir
alguma energia de algum espírito que possa ter se hospedado nele. Ela não sente
nada. Toca na perna do marido, o alerta que o garoto está limpo.
ELIS
Então, Samuel... sua tia nos contou o que você vem passando
nos últimos dias. Mas, gostaríamos de saber diretamente de você, sobre essas
coisas que você vem vendo e ouvindo.
Samuel olha para a tia, fica um pouco tenso. Elis segura a
mão dele, o conforta.
MEIRE
Pode contar tudo, querido. Neles, você pode confiar.
Samuel respira fundo, abaixa um pouco a cabeça, em seguida
atenta sua atenção para Benjamin. Começa a falar tudo o que aconteceu, desde o
início.
CENA
05. CASA DE AURORA. SALA. TARDE. INT.
Aurora vai em direção a porta, animada. A abre com um
sorrisinho bobo no rosto. Murilo está a sua frente.
MURILO
Não posso demorar muito. (entra na casa) Minha esposa está
resolvendo algumas coisas no grupo de mulheres da igreja. Provavelmente, temos
uma hora no máximo.
Fica ao lado do sofá. Aurora fecha a porta e corre até ele.
Pula em cima dele, Murilo a segura, ambos sorriem.
AURORA
(sorri)
Temos tempo de sobra então.
O beija loucamente. Os dois caminham em direção ao sofá,
começam a se despir. O demônio aparece ao lado da TV, observa toda a cena.
CENA
06. CASA DE MEIRE. SALA. TARDE. INT.
Conforme conta tudo para o casal, Samuel não para de
esfregar suas mãos nas pernas, em sinal de nervosismo. Elis sente o quanto ele
está angustiado. Sabe que está dizendo a verdade.
SAMUEL
E é isso... Desde que essa pessoa que se parece comigo
apareceu no meu quarto e disse que era a minha vontade, eu comecei a duvidar se
era mais alguma loucura minha ou se toda essa história era verdade.
ELIS
E você chegou a alguma conclusão?
Samuel se encosta no sofá, olha para o teto, parece
confuso.
SAMUEL
Nenhuma.
BENJAMIN
Você falou que ele tinha a sua aparência, mas você não
notou nenhuma diferença. Por mais pequena que seja?
SAMUEL
(a Benjamin)
Não. Era como se eu estivesse me olhando no espelho.
Benjamin e Elis se entreolham, nota-se a cara de
preocupação entre eles.
ELIS
Obrigada por ter nos contado tudo, Samuel.
BENJAMIN
Poderia nos deixar um tempo sozinhos, Samuel?
SAMUEL
Tá.
Samuel olha para sua tia, ela sorri o confortando. Ele se
levanta e vai para a cozinha. Com a saída dele, Meire se aproxima de Elis.
MEIRE
Então... sentiu alguma coisa?
ELIS
Não. Não consegui sentir nada, desde o momento que ele
entrou e saiu daqui.
BENJAMIN
Ela não sentiu, porque talvez não se trate de um espírito
hospedeiro. Mas sim de um demônio.
MEIRE
(surpresa)
Demônio!
CENA
07. CASA DE AURORA. SALA. TARDE. INT.
Murilo e Aurora estão pelados no chão da sala. Seu celular
toca em cima do sofá. Ele se levanta, pega o aparelho e atende.
MURILO
(feliz)
Oi, amor. Já terminou? Está bem. Vou trocar de roupa aqui e
vou aí te buscar. (a Aurora) É porque eu sujei a camisa aqui na cozinha, por
isso vou trocar. (sorri) Mas não demoro. Estou indo, está bem. Tchau, te amo.
Desliga, se levanta e começa a se vestir. Observa Aurora
ainda deitada no chão.
MURILO
Não vai levantar?
AURORA
Eu não. Aqui embaixo está permitindo uma ótima visão sua.
Acaricia a perna dele com o pé. Murilo sorri, termina de
vestir a camisa.
MURILO
Não me provoca. (se agacha e a beija) Te vejo no culto
hoje!
Murilo senta-se no sofá, calça o sapato. Se levanta e
caminha até a porta.
MURILO
Tchau! Até mais tarde.
AURORA
Até mais!
Murilo verifica se não esqueceu nada, procura o celular, a
carteira e a chave do carro. Tudo certo, ele abre a porta e vai embora. Aurora
continua deitada no chão, olha para o teto com um sorriso bobo no rosto. O
demônio continua ali, a observa por alguns instantes, com uma expressão séria
no rosto. Desaparece na sequência.
CENA
08. CASA DE MEIRE. SALA. TARDE. INT.
Meire fica sem reação ao saber que o sobrinho pode estar
sendo atormentado por um demônio.
MEIRE
(assustada)
Um demônio?
ELIS
Acreditamos que sim.
BENJAMIN
Demônios podem assumir a forma de pessoas. Especialmente, a
forma de seus hospedeiros.
ELIS
O que o seu sobrinho descreveu é típico de um demônio. A
aparência física. Ver e ouvir coisas. E, ligando com o que ele viveu nos
últimos dias, é possível chegar a essa conclusão. Claro, precisamos investigar
mais, ainda sim, é a hipótese mais plausível.
MEIRE
(preocupada)
E como livramos ele desse demônio?
BENJAMIN
Bem, antes de mais nada, precisamos saber o tipo de demônio
que está ligado ao seu sobrinho.
MEIRE
É possível descobrir isso?
ELIS
Sim, mas não trouxemos nossos objetos. (a Benjamin) Eles ficaram
em casa, querido.
BENJAMIN
É, eu sei. Mas andei pensando, se você aceitar Meire,
podemos fazer um ritual de contato com o objetivo de nos comunicarmos com esse
ser, aqui em sua casa. (a Elis) Certamente, você conseguiria sentir algo, né
amor?
Elis não responde de imediato. Sente um calafrio
percorrendo seu corpo.
ELIS
Talvez.
MEIRE
E o que vocês precisam para esse ritual?
BENJAMIN
Um ambiente fechado, calmo, com pouca iluminação. Algumas
velas, um copo d’água...
Conforme falava o que precisava, Meire se levanta, ouve
atentamente e caminha em direção a cozinha. Ela sai da sala na sequência.
Benjamin olha para sua esposa, a percebe um pouco tensa.
BENJAMIN
Tudo bem?
Elis não responde, mas pressente algo maligno se continuar
com essa ideia de se comunicar com o demônio do garoto.
CENA
09. CASA DE MURILO. SALA. TARDE. INT.
Murilo chega em casa com sua esposa, ambos felizes.
ALINE
Nosso menino ficou tão alegre, quando soltamos o hino.
MURILO
É? Que bom, significa que nosso garoto antes de nascer, já
gosta de servir o Senhor.
Se agacha, acaricia a barriga de sua esposa.
ALINE
Vou para o meu quarto descansar um pouco. Fiquei um bom
tempo em pé, minhas pernas estão doloridas.
MURILO
Tá, logo mais subo com um almoço especial pra você. (a
beija, sorriem)
ALINE
O que seria de mim, sem meu maridinho?
Os dois trocam beijos. Aline vai em direção ao quarto,
Murilo caminha até a cozinha.
CENA
10. CASA DE MEIRE. QUARTO DE MEIRE. TARDE. INT.
Todos estão reunidos em torno de uma pequena mesa circular
no centro do cômodo. Meire fechou todas as janelas e o ambiente está sendo
iluminado apenas pelo o abajur próximo a cama e as velas sobre a pequena mesa.
Os quatros estão sentados à mesa, de mãos dadas. Benjamin está de frente para
sua esposa, assim como Samuel está de frente para a sua tia.
SAMUEL
(preocupado)
Qual o propósito disso que estamos fazendo?
BENJAMIN
Vamos tentar identificar a origem do que está te
atormentando. Acreditamos que possamos entrar em contato com essa sua vontade.
SAMUEL
Vocês querem que ela apareça aqui?
BENJAMIN
Se ela quiser conversar com a gente, sim.
Samuel olha um pouco assustado para sua tia. Elis segura
forte a mão dele, tendo sua atenção.
ELIS
Não se preocupe, querido. Estamos aqui do seu lado, está
bem?! (sorri)
Ver o sorriso dela, o deixa um pouco confortável. Benjamin
olha para todos, inicia o ritual.
BENJAMIN
Peço que por gentileza, todos fechem os olhos e baixem suas
cabeças. (a Samuel) Quero que se concentre no ser que você viu, está bem?
Samuel concede que sim com a cabeça. Todos fazem o que ele
instruiu. Todos ficam em silêncio por alguns segundos. Benjamin é o último que
baixa a cabeça e fecha os olhos.
BENJAMIN
(tom alto)
Estamos aqui! Queremos conversar com você. Queremos
entender por que está usando o corpo de Samuel para as suas vontades.
O ambiente continua em silêncio.
BENJAMIN
Se você tem a intenção de se comunicar com a gente, esse é
o momento.
Todos continuam de cabeça baixa e olhos fechados. Tudo ao
redor do quarto continua normal.
CENA
11. CASA DE MURILO. COZINHA. TARDE. INT.
Murilo está na cozinha, preparando algo para levar pra sua
esposa. A entidade surge na entrada do cômodo, o observa. Se aproxima lentamente
dele. Estende sua mão para tocá-la, nesse momento escuta algo.
BENJAMIN
(v.o.)
Não precisa ter vergonha da gente. Queremos apenas
conhecê-lo melhor.
O rosto da entidade se enfurece, desaparece em seguida.
Murilo vira-se, com a sensação de que tinha alguém ali.
CENA
12. CASA DE MEIRE. QUARTO. TARDE. INT.
O ambiente continua em silêncio. Benjamin abre brevemente
os olhos. Não vê nada sobrenatural ao redor.
BENJAMIN
Estamos aqui para te ouvir. Queremos apenas conversar. Por
favor, apareça.
A temperatura do ambiente cai subitamente. A luz do abajur
começa a piscar. Elis sente uma presença demoníaca no ambiente.
ELIS
(assustada)
Ele tá aqui! Ele tá aqui.
Meire abre os olhos, se apavora com o estado de Elis e com
o que está acontecendo em seu quarto.
BENJAMIN
Quem está aí?
Samuel começa a se remexer na cadeira. Seu corpo é usado
como canal de comunicação.
MEIRE
(preocupada)
Samuel? O que está acontecendo, querido? Fala com a gente?
Em posse do corpo de Samuel, a entidade solta uma
gargalhada demoníaca. Meire arregala os olhos, solta sua mão de Benjamin e
Elis.
BENJAMIN
(grita)
Não desfaça o círculo. Caso contrário, o demônio pode se
apossar do corpo do seu sobrinho por completo.
Rapidamente Meire volta a pegar a mão de ambos. Ela e
Benjamim ficam atentos a Samuel, que continua gargalhando. Elis está de cabeça
baixa, olhos fechados e com o semblante de pavor, ao sentir a presença maligna
ao seu lado.
SAMUEL
(com voz de demônio)
Eu não quero o corpo do Samuel. Em breve eu vou ter o meu
próprio corpo.
BENJAMIN
O que você quer? Por que está usando o rapaz?
SAMUEL
(com voz de demônio)
Eu quero o que todos vocês querem.
MEIRE
(apavorada, grita)
Deixa o meu sobrinho em paz!
O rosto de Samuel gira lentamente em direção a Meire.
SAMUEL
(com voz de demônio)
Eu vou deixá-lo, não se preocupe. Eu jamais faria algo para
machucar o seu querido sobrinho.
Meire começa a chorar. Benjamin repara o estado de sua
esposa.
BENJAMIN
Elis? Você consegue vê-lo? O que você está sentindo?
O rosto de Samuel gira lentamente para Elis. Ao sentir a
entidade olhando para ela, Elis solta um grito alto e apavorante.
SAMUEL (com voz de demônio)
Você quer me conhecer, professora? Vou
mostrar minha verdadeira face pra você. (os olhos de Samuel ficam vermelhos)
Elis ergue a cabeça, arregala os olhos e grita apavorada ao
ver a verdadeira face do demônio. Ela se levanta histérica, solta a mão de ambos.
Fica em pé, grita desesperada, implora para aquela imagem sair da sua cabeça.
Benjamin se levanta rapidamente, vai até sua esposa.
ELIS
(histérica, grita)
Sai da minha cabeça. Sai da minha cabeça. Sai da minha
cabeça.
BENJAMIN
(tom alto)
Se acalma, Elis. Por favor, se acalme. (a abraça) Fala
comigo amor.
Elis continua gritando desesperada. O rosto de Samuel
continua em direção a Elis, gargalhando com sua voz demoníaca. Meire se
levanta, começa a orar. Retira o pequeno terço de seu pescoço e coloca na
frente de Samuel. Benjamin tenta controlar a esposa, que não para de gritar.
BENJAMIN
Por favor, Elis. Eu estou aqui. Se acalma. (grita em
direção a Samuel) Deixa a minha mulher em paz, seu demônio.
Samuel fica de pé, dá poucos passos em direção a Benjamin.
SAMUEL
(com voz de demônio)
Depois pergunte a sua mulher se ela gostou de me conhecer?
Gargalha demoniacamente, deixa o corpo de Samuel. Elis para
de gritar, desmaia nos braços de Benjamin. Samuel abre os olhos, repara o
estado apavorado de sua tia orando, mostrando o terço em sua direção. Ver Elis
desmaiada nos braços de Benjamin.
SAMUEL
(assustado)
O que aconteceu aqui?
CENA
13. BANCO. TARDE. INT.
Berlina entra no banco e empurra a cadeira de rodas de sua
avó. Vendo que elas têm prioridade, rapidamente consegue um caixa eletrônico.
Faz todo o processo para retirar o dinheiro da aposentadoria da senhora, que
parece um pouco debilitada. Nota-se um certo receio por parte de Cândida, avó
dela, em querer erguer o braço para fazer a leitura de sua digital. Berlina
segura o braço enrugado da senhora com uma certa força, o leva até o leitor do
caixa eletrônico. Rapidamente disfarça, ao perceber o guarda de olho nelas.
BERLINA
A senhora sempre dá trabalho nessa parte, né vovó. (sorri)
Com o dinheiro em mãos, Berlina o coloca em sua bolsa e sai
do banco, empurrando feliz a cadeira de rodas de sua mãe. Enquanto ela
cumprimenta o pessoal que trabalha ali com um sorriso no rosto, Cândida,
continua de cabeça baixa com um semblante triste no rosto. O guarda apesar de
perceber, acredita que seja devido a idade avançada da senhora. Com a saída
delas, ele volta a prestar atenção nas outras pessoas.
CENA
14. CASA DE MURILO. SALA. TARDE. INT.
A campainha toca. Murilo entra na sala apressado, direto
até a porta. A abre e é surpreendido com um beijo. Empurra a mulher
imediatamente, olha para os lados, récua um pouco para dentro de casa.
MURILO
(chateado)
O que significa isso?
Puxa Michele para dentro, repara mais uma vez se algum
vizinho viu aquela cena, fecha a porta na sequência.
MICHELE
Estava com saudades sua.
Michele se aproxima
para beijá-lo, ele recua.
MURILO
Aqui não sua maluca. (vai até o sofá) Sua irmã está deitada
lá em cima. Imaginou se ela desce e vê aquilo que você fez?
MICHELE
Qual é? Eu estava com saudades. Tanto tempo que você não me
procurou mais.
MURILO
Não sei se percebeu, mas sua irmã está grávida. Ela precisa
de alguém para ajudá-la. Ainda mais nessa reta final de gravidez.
MICHELE
(sarcástica)
Ah, me esqueci que você é um maridinho super dedicado. Vou
ver como minha irmã está.
Vai em direção aos quartos chateada. Murilo a observa, na
sequência vai para a cozinha. A entidade demoníaca aparece na sala, faz sinal
de negativo com a cabeça. Sente algo o chamando, olha para a janela e
desaparece.
CENA
14. CASA DE CÂNDIDA. SALA. TARDE. INT.
Berlina chega na casa de sua avó. Empurra a cadeira da
senhora de qualquer jeito, fazendo-a bater no sofá. Acaba machucando o joelho
da senhora. A entidade aparece ao lado da janela, fica atenta a cena. Berlina
está em pé, próximo ao sofá, conta o dinheiro que sacou da aposentadoria da
avó.
BERLINA
Francamente, não entendo como o governo quer que a gente
sobreviva com essa mixaria. Mas, é o que temos.
Enrola o dinheiro, coloca no bolso de sua calça. Se
aproxima de sua avó.
BERLINA
A senhora sempre fazendo ceninha quando é para colocar a
mão, né?
Segura forte o braço de Cândida, a pobre senhora sente
medo.
BERLINA
A senhora sabe que tem que erguer a porra da mão, então
porque a senhora não ergue a droga desse braço?!
Joga forte o braço de Cândida na cadeira. Cândida sente
dor, começa a chorar.
BERLINA
Pronto, vai começar. Isso nem foi tão forte assim.
Se afasta dela. Cândida acaricia o braço machucado. Está
debilitada demais para sustentá-lo perto de si.
BERLINA
Só por causa dessa ceninha de hoje no banco, vai ficar sem
jantar e sem seus remedinhos.
Caminha em direção a cozinha, Cândida fica sozinha.
CÂNDIDA
(chora, tom baixo, voz abatida)
Socorro! Por favor, socorro!
A entidade caminha até a cadeira de rodas da senhora, a
observa atentamente. Olha em direção a cozinha.
DEMÔNIO
Acho que o pastor infiel vai ter que esperar um pouquinho.
Foca sua atenção para Cândida, que chora de cabeça baixa,
com o braço machucado perto do corpo.
FIM DO EPISÓDIO.
A Vontade
do Mal
Temporada 1 | Episódio 6
Criado
e Escrito por:
Anderson Silva
Elenco:
Samuel (Giovanni de Lorenzi)
Benjamin (Eduardo Moscovis)
Elis (Sandra Corveloni)
Regina (Gilda Nomacce)
Meire (Isabele Garcia)
Rajax
© 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.