Mostrando postagens com marcador Perfil Fake. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Perfil Fake. Mostrar todas as postagens
dezembro 04, 2019

Por que Perfil Fake foi um grande sucesso? | Crítica

por , em

Avatar

Tudo sobre Megapro


Programa originalmente exibido no Boletim Virtual da WebTV (2018).
Olá gente do mundo virtual. Eu sou o Kax e estou aqui para mais um Visão Crítica diretamente do Boletim Virtual que completou 6 anos de vida. O alvo da vez é um dos maiores fenômenos da MegaPro de todos os tempos, escrito por Rynaldo Nascimento: Perfil Fake.

Mas o que teria feito a minissérie alcançar tal patamar? Não houvesse sido a participação icônica da MC Loma ou da atuação impecável de Pedro Gaze, que foram um atrativo a mais para o enredo, não perderia seu glamour. Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Que um merchan continuo e bem feito pode até salva uma obra em decadência. Que a MegaPro, talvez, seja a emissora que mais divulga no MV, isso sabemos, o que contribuiu e muito para a repercurção e audiência de Perfil Fake. A belíssima abertura já era um prenúncio de que eu iria me surpreender.

Antes de começar a falar sobre a minissérie virtual, não posso deixar de mencionar o mega elenco que as produções do canal possuem em praticamente todas as obras (gente, me dá 10 personagens que eu faço 5 temporadas com 20 episódios cada kk mas isso varia de autor para autor). Esta citada possui 36 personagens, mas tentarei resumir a história da melhor maneira possível, e claro que não citarei todos.

Na história, Mário (Rafael Cardoso) é um pedófilo que acabou de matar uma de suas vítimas e se muda para a cidade fictícia de Nova Olinda em Pernambuco (a procura da próxima). Assim que chega ele esbarra com uma das personagens principais, Alessa (Giovanna Antonelli), que está sempre à procura de um relacionamento, porém todos frustrados. Uma brecha perfeita para o demônio entrar. Por que digo isso? Dentre muitos assuntos abordados pela narrativa, o religioso tem muita evidência no núcleo de Evandro (Antônio Fagundes), que é prefeito da cidade e mistura política com religião. Caso muito corriqueiro em nosso país. Ele é casado com a missionária Gildete (Arlete Salles), uma mulher muito avarenta e arrogante, mas que me proporcionou alguns momentos cômicos com o seu jeito de falar.

No entanto, com as revelações explicitas do último capítulo (apesar de pistas sendo colocadas no decorrer dos episódios) me deixaram perplexo. Tanto o prefeito quanto a primeira dama, além de desviarem o dinheiro da merenda (evidenciado no primeiro capítulo), ambos chefiavam uma quadrilha de tráfico de crianças, ou seja, eles pegavam os bebês de mães pobres e vendiam suas crianças na adoção. O que me fez lembrar daquele escândalo real envolvendo a Igreja Universal; talvez essa fosse a inspiração? Outras coisas vêm à tona como o filho bastardo de Evandro com a empregada, Penha (Duh Moraes) e a tentativa de matar o próprio filho Marcos Paulo, pelo fato de ser gay. 

Na Universidade Federal Metropolitana de Pernambuco, temos uma disputa ideológica interna gerando conflitos. Um duelo entre esquerdistas e direitistas pela tomada da reitoria. Não só entre os professores, mas também entre os alunos. Vemos homofobia, e racismo, acontecendo no Complexo Educacional impulsionado por Jorginho (André Luiz Frambach) em suas constantes implicâncias com Jeff (Pedro Gaze).

Yasmin (a qual o autor preferiu não associar a uma atriz da vida real) é filha de Alessa. Uma jovem de bem, alegre, mas que foi abusada por Mário e teve um trágico final morrendo nas mãos desse maníaco em meio ao manguezal. Até Carlito (Rick Tavares), que era apaixonado por essa pobre menina, foi assassinado pelo pedófilo. E o que mais me intrigou foi a frieza de Mário depois que foi pego pela polícia, dizendo que se orgulhava de todas as atrocidades que tinha cometido e que iria entrar para a história.

O final de Perfil Fake é triste. Muitos de nós estamos acostumados a esperar um final feliz para tudo na ficção, porém, ela aqui é um reflexo da realidade, e na vida real nem sempre temos um final feliz. Apesar de tudo, vibramos com a prisão de Mário e com o tratamento especial que ele recebeu dos detentos. Vibramos com o fim da Ordem Conservadora. Vibramos com a derrocada do preconceito e da hipocrisia. Vibramos com a mensagem de Yasmim, Vivi e Carlito na última cena da minissérie expondo, denunciando, a barbárie escondida em nossa sociedade.

Um misto de muitos temas polêmicos e delicados foi transpassado com o cuidado necessário para não doutrinar o leitor dizendo-o qual lado ideológico é o certo e o errado, mas sim passar a mensagem que muitos vivem de aparência, pregam o que consideram o politicamente correto, mas acabam indo contra essa própria política. Todos os personagens têm a sua devida importância, nenhum núcleo deve ser considerado irrelevante.  

Perfil Fake fez um belíssimo trabalho na missão que lhe coube e, por ora, reforçou a imagem da Megapro de emissora mais “humanizada” do mundo virtual, com obras que discutem o ser humano.

De 0 a 10, gostaria de dar um 11. Não irei mais elogiar, seria considerado tiete da minha parte.  Gostaria de agradecer e parabenizar o autor por esse ‘lacre’. 





Nota 10



menu cel