NO EPISÓDIO ANTERIOR
Martínez encontra Gael
desacordado e sem os sentidos, ele o leva para o hospital. No dia seguinte,
Martinez leva Gael para caminhar até um local específico, porém, Gael se
revolta ao ver que ele havia lhe guiado até uma clínica e esbraveja que não
está louco e corre dali deixando-o sozinho. Roberta e Cláudio trazem a moto de
Gael novinha em folha e mostram um vídeo no qual revelam na formatura frente a
todos que tudo não passou de uma fake news organizado por um aluno que tinha
uma inveja doentia de Gael. No trabalho, a patroa apresenta seu filho León a
Gael. Aline faz confusão na mansão dos pais de León, ele termina com ela e ela
é expulsa pelos pais dele. Aline revela aos ex-sogros que León e Gael já se
beijaram e em meio a forte emoção ela sangra, sendo levada para o hospital por
Gael. Felipe descobre que o fornecedor de drogas do seu chefão, é o cliente que
ele escutou no telefone encomendando a morte do próprio pai. Uma nova
personalidade surge em Gael e mata seu estuprador.
EPISÓDIO 9 – A VERDADE DE GAEL
Batidas na porta.
Gael acorda como em qualquer outro dia em sua cama e bem
relaxado, porém, atordoado com as batidas.
Ele vai até a porta e abre.
—Martínez, eu não esperava te ver depois de ontem…
—Eu sei que você não quer me ver nem pintado de ouro. Mas, eu
tô aqui para te pedir desculpas. Eu não deveria ter lhe levado sem pelo menos
te preparar ou falar os motivos antes, foi muito imprudente. -Lamenta.
—Olha, professor… Perdão! -Rir
ao confundir e se referir a ele como em sala de aula. —É que eu me
acostumei. Enfim, quem tem que pedir desculpas aqui, sou eu a você. Eu não
deveria ter agido daquela forma. Te deixei lá sozinho, não te dei chance de
falar. Mas, me senti acusado de alguma forma sabe? Não sei porque.
—Sim Gael, eu entendo você. Esse preconceito de ir a um psicólogo
está enraizado na gente. Nos recuamos e criamos uma barreira imensa ao
fantasiar que só pessoas loucas precisam de um ou que procurá-lo seja indício
disso. Mas veja bem, quando passamos por estresse, problemas sérios, tensões do
dia-a-dia, a pressão dos problemas ou somos vítimas de algo muito traumatizante
como uma perda, por exemplo, um psicólogo é muito importante. Eu mesmo
frequento o consultório da Petra, há dois anos.
—É mesmo? -Surpreso.
—Sim, desde que eu perdi meu pai. Foi uma coisa tão… -Se
emociona.
Gael o consola e lhe abraça.
—Ele morreu num acidente de moto. Mas enfim, o foco aqui é
você. -Enxuga as lágrimas. —Eu só
queria mesmo que você soubesse que procurar meios de estar bem mentalmente e
fisicamente é fundamental, e se o seu interior estiver bem, refletirá no
exterior. E eu só quero ver você bem, sabe? Você é muito especial e só merece
ser feliz! -Emocionado e um pouco lacrimejando.
—Está bem, eu aceito então. Vamos ver essa doutora Petra! -Fala decidido. —Só me espera um pouco
que eu vou tomar banho e escovar os dentes.
—É sério? -Contente com sua decisão.
—É sim!
Na TV, ambos escutam a notícia no jornal:
REPÓRTER: "Um homem de 50 anos da região da cidade de
San Pabllo (vizinha a BellaLuna e onde
Gael cresceu com os pais) foi encontrado morto em sua casa. Segundo os
legistas, trata-se de um suicídio."
LEGISTA: "A arma encontrada na cena do ocorrido era um
punhal de lâmina extremamente afiada, a mesma possuía digitais apenas do
falecido. Também não havia restos de pele de outra pessoa nele e nem tampouco
nada que indicasse uma luta corporal ou digitais de terceiros pela casa além
das dele. Ainda estamos trabalhando nos minuciosos detalhes e ainda é cedo para
decretar algo, porém, tudo indica tratar-se de um suicídio".
Gael até para pra escutar e fica abismado.
—Essas notícias me fazem tão mal… -Diz com a mão no coração.
—Sim, vai saber que problemas esse homem possuía para a
chegar a… -Martín pensativo.
—É, pois é. Enfim, tô indo pra corremos para lá. -Anuncia.
—Só não vale esquecer do café da manhã. -Rir.
—Só se você me acompanhar. -Intimida rindo.
—Ótimo! -Gargalhando.
Gael se tranca no banheiro e agiliza.
As horas se passam.
O relógio agora marcava meio-dia.
Em tempos de inverno em que o clima se mantinha mais para a
parte congelante em BellaLuna, hoje abria espaço para um clima abafado, dando
indícios que tudo poderia acontecer e quem sabe anunciar a chegada de um
temporal.
—E então Gael, conte-me sobre você. -Petra sentada de frente
para Gael na poltrona e fazendo anotações.
—Eu sou um cara de 23 anos que veio de San Pabllo ainda no
início da vida adulta. Acabo de me formar em medicina e moro só.
—E antes de vir para cá, como era sua vida? Com quem morava?
—Com meus pais e meu irmão. -Fala trêmulo.
—E eles ficaram em San Pabllo?
—A gente não pode falar só do agora? -Tenta fugir do passado.
—Temos que encontrar raízes de possíveis problemas, seja de
dilemas já existentes ou que podem vir a nascer diante de algum trauma.
Compreende? E isto, serve também para nos conhecermos. -Explica com sutileza.
—Não sabia que teria que falar da minha vida do passado. Não
vou falar! -Resiste.
—Está bem. Fique calmo. -Procura tranquilizá-lo.
Ele tenta se acalmar no sofá.
—Seu irmão faleceu, não foi? Eu vi uma notícia na época. Eu
sinto muito. Pelo que vejo você ainda não superou e eu sei que isso não é
fácil, fazem só dois anos desde o ocorrido. Veja, perdas nunca são fáceis, mas
infelizmente fazem parte da vida. Procurar ajuda é fundamental!
—Está dizendo que eu tenho que me conformar e esquecer o
Felipe? Pois não, não irei. Foi uma perca de tempo vir até aqui, eu sabia!
-Levanta-se e abre a porta com raiva.
—Sr. Montoya… -Tenta fazê-lo voltar.
Gael sai batendo a porta.
Petra lamenta.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, León observara a rua
pela janela do seu quarto no segundo andar de sua casa.
Durante todo o resto da noite anterior, e nem o início da
manhã do presente dia ele havia trocado sequer uma palavra com os pais, desde o
que Aline lhes houvera revelado. León estava com medo, assustado e receoso em
relação a reação real dos pais quando chegasse a vez de uma palavra sobre o
assunto sair de sua boca.
—Não tem jeito, eu preciso fazer isso. -Levantasse da cama e
sai do quarto.
O rapaz desce as escadas e vai até a cozinha onde os pais
estão organizando o cardápio para o jantar.
Ele respira profundamente ao chegar perto da cozinha e
adentra de uma vez.
—Precisamos conversar sobre o que a Aline falou. -Fala
olhando para os pais na cozinha.
—Não se preocupe filho, sabemos que o que essa garota falou
foi por puro despeito. Você não a queria mais e ela ficou louca por isso e
criou todo esse circo. Está tudo bem. -Diz Lucian fingindo mexer na fruteira
sobre a mesa.
Patrícia apenas olha para o filho ajudando a empregada a
bater clara na tigela e dispensando-a para ter privacidade no que o filho tem a
dizer.
A empregada sai.
—Aline não mentiu, ela disse a verdade. Eu esperava o momento
certo para me abrir, mas talvez esse momento nunca chegasse. -Nervoso.
—O que você está querendo dizer com isso? Que é “viado”?
-Esbraveja o embuste.
—Calma Lucian! -Tenta Patrícia.
—Mas não é possível Patrícia, até ontem ele gostava de
garotas. Só namorou meninas até agora…
—Sim, e não nego. Eu também gosto de garotas. -Diz alto e com
expressão de firmeza.
—Agora quem está confuso sou eu. O que diabos está
acontecendo aqui? -Lucian parece realmente confuso.
—O que o seu filho está querendo dizer, é que ele é
bissexual. Não finja que nunca ouviu sobre. Bissexual é alguém que sente
atração, seja apenas física, sexual, emocional ou ambos pelos dois sexos:
masculino e feminino.
—Meu filho, então o que você pode estar é apenas confuso.
Olha, talvez suas ideias estejam embaralhadas porque essa garota só te fez mal.
Então a solução é simples, arranja outra garota ou saia com várias até esquecê-la.
Está resolvido!
—Não pai. Ser bissexual não é estar confuso e é por isso que
dá medo de falar, porque as pessoas nunca acreditam que alguém é capaz de se
relacionar com dois sexos e já dizem que estamos querendo disfarçar porque
somos gays ou não sabemos o que queremos. Eu sei exatamente o que eu quero, e
quem eu quero agora é o Gael. Ele me entende, me faz sentir coisas que eu nunca
senti com ninguém. -Fala com forte sentimento.
—Já chega! É um absurdo. -Diz
aos gritos exaltado. —Se por exemplo, então, você ver uma garota que te
interessa enquanto está com ele simplesmente vai deixar ele pela menina? É
melhor ficar logo com uma menina e ponto final! Você gosta é de garotas, eu
sei! -Insiste com seu show de preconceito.
Petra chega e observa a conversa.
—Não acontece assim pai, eu gosto realmente do Gael, e, é com
ele que eu quero estar. Ele me faz bem, é com ele que eu sinto isso tão forte
como nunca senti por ninguém mais. Eu não sei o que é ainda, mas, é assim que
eu quero me sentir sempre. Dizem que o amor é sentir um frio na barriga, borboletas
no estômago e como se os pés saíssem do chão. Não é? Pois é isso que eu sinto
só de pensar nele.
—Que papo mais gay! Pois eu não vou aceitar isso. Não vou!
-Grita alto fazendo eco.
—Há muito tempo eu deixei de morar com vocês, e apesar de não
ser independente financeiramente, é o meu avô que ainda me dar alguma coisa
nessa casa. E outra, eu posso arrumar emprego também, ser independente de vez.
E você não tem que aceitar nada, quem tem que aceitar alguma coisa aqui é o
Gael quando eu pedir a mão dele em namoro hoje.
—Você não teria coragem… -Olha
para León com uma cara de reprovação e quase indo pra cima dele. —Se fizer
isso, esqueça que tem uma família. -Continua a gritar.
—Chega pai! -Entra
Petra na cozinha igualando seu tom de voz ao do pai. —Se você vai expulsar
o meu irmão, esqueça que tem uma filha também. Eu e a mamãe como psicólogas
sempre procuramos a melhor forma de criar estratégias aqui em casa de como
manter a mais saudável relação em família e por anos trabalhamos jeitos de
sermos uma família sem preconceito, trazendo informações, conversando,
ensinando e principalmente colocando o amor, o conhecimento e a desconstrução
como pilares.
Lucian fica impactado e ao mesmo tempo revoltado com o forte
posicionamento da filha.
—Não venha agora fazer o papel grosseiro e sem acesso à
informações. Aceite ou não, esse é o seu filho. E se o rejeitar, quem perde é
você. E não um, mas dois filhos, porque eu não vou compactuar com um pai
preconceituoso, grosseiro e retrógrado. Não foi essa educação que eu recebi de
vocês e essa não é a que eu vou aceitar agora diante de mim. -Esbraveja.
Lucian fica sem reação.
—Saiam! -Expulsa-os da cozinha soltando fogo pelas narinas.
Petra leva León até seu carro e eles saem da mansão.
Patrícia olha para o marido com raiva e decepcionada.
Enquanto no andar de baixo o clima segue tenso e pesado, Gael
cuida do Sr. Alfonso no andar de cima.
Gael arruma as coisas de seu Alfonso no armário.
—Esse sabonete é novo seu Alfonso? -Questiona estranhando.
Seu Alfonso apenas olha, todavia, sua fala ainda não houvera
sido recuperada.
—O cheiro desse
sabonete está cada vez mais estranho, e forte também… -Pensa. —Eu já senti
o perfume desse sabonete antes, tem alguma coisa errada… -Cochicha para não ser
escutado.
Gael manda uma mensagem para Roberta.
Em poucos minutos Roberta chega e Gael a encontra no portão
da mansão dos Len.
Ele a encontra na porta da mansão.
—Você acha que pode examinar o conteúdo desse frasco para
mim? -Indaga.
—Acho que posso sim. Te mando uma mensagem informando o que o
cara do laboratório falar e se o resultado sai ainda amanhã.
—Ótimo amiga. Muito obrigado! Agora sim eu posso ir para casa
mais tranquilo, esse dia tá muito tenso.
—Vai dar tudo certo! -Conforta.
Roberta abraça Gael. Ela retorna para o carro e vai embora.
Gael a observa partir.
—Olha ele aí. Que sorte encontrar você aqui seu mau elemento!
-Ofende-o.
—Por que me ofende senhor?
Patrícia fica entre Gael e seu marido para que o mesmo não faça
nada ao rapaz diante de sua tamanha revolta.
—Não se preocupe que não farei nada a esse aí. Mas, eu não
quero te ver nunca mais por aqui sua “frutinha” e muito menos perto do meu
filho. Do contrário…
—Já chega! Você passou de todos os limites hoje. Que
vergonha! -Sai decepcionada e chorando.
O homem se aproxima de Gael.
—Fora daqui, agora! -Ordena.
O mocinho sem discutir sobe na moto e vai para casa.
A noite cai.
Felizmente não chovia, apesar do clima frio.
—Vou arrumar esse guarda-roupas e doar umas coisas para a
comunidade do Padre André. Só isso para me acalmar depois desse dia tão pesado.
-Abre o armário de roupas.
Ele separa calmamente várias peças.
—Engraçado, não lembro quando comprei essa. -Confuso. —Nem essa! -Estranha pois há tempos não mexia
especificamente naquela parte do seu armário, visto que pouco tempo passava em
casa. Porém, deveria lembrar de tais coisas e que houvesse comprado como
qualquer outra pessoa.
Gael fica ainda mais curioso ao ver que só tem tirado dessa
parte coisas que não lembra de forma alguma de haver comprado.
—Jaqueta de couro, calça rasgada… Isso não faz meu estilo.
Não sou eu! -Vasculha ainda mais.
Gael revira a parte do guarda-roupas e encontra uma chave.
—A chave da gavetinha! -Pega.
Ele abre a gaveta.
—Cuecas abertas na parte de trás, roupa íntima transparente,
brinquedos sexuais, masturbador masculino… O que isso faz aqui? -Joga para longe. —Definitivamente isso
não é meu. -Sem entender nada se
assustado. —Por que eu não me lembro de nada do que faço toda noite? Isso
não é normal! O que está acontecendo comigo meu pai? Será que tudo isso tem
ligação? -Preocupado.
Gael pega o telefone e realiza uma chamada.
—Petra, você tem uma hora para mim agora? Por favor, é
urgente! -Nervoso e assustado.
19 horas em BellaLuna.
Fazia meia hora que Gael havia falado com Petra.
A cidade se banhava com a pequena chuva que começa a cair.
Gael entra na sala de Petra e deixa o guarda-chuvas
escorrendo de lado, perto da porta.
—Me perdoe o atraso. A rua aqui perto está interditada, tive
que fazer toda uma volta.
—Não se preocupe.
—Me perdoe a forma como eu saí daqui de manhã e como falei
com você. Você estava certa. Eu não queria admitir para mim mesmo, mas...
preciso de ajuda.
—Calma Gael, vai dar tudo certo. Vamos continuar de onde
paramos? Você lembra o que perguntei por último?
—Sim, lembro. Eu morava em San Pabllo com meus pais e meu
irmão. Meus pais foram presos tráfico e meu irmão…
—Seu irmão…?
—Morreu. Estávamos fazendo aniversário de dezoito anos, fazia
um ano que nossos pais haviam sido presos. Felipe estava mergulhado no vício
das drogas, eu como todos os dias, o aconselhei a deixar de vez. Então, de uma
hora para a outra ele se aborreceu, veio para cima de mim e nós dois brigamos.
Eu o empurrei e ele bateu com a cabeça na parede que ficava perto das janelas.
Havia um vela do bolo perto que caiu no pano da cortina e incendiou. Foi minha
culpa, minha! -Chora totalmente desequilibrado e fora de si.
Petra observa a pressão psicológica que Gael faz sobre si
próprio diante das tragédias que aconteceram em sua vida.
De uma hora para outra, Gael após tanto lamentar-se, baixa a
cabeça no sofá e parece adormecer.
—Gael? Gael? -Chama.
Sem resposta ela observa que ainda com a cabeça baixa, Gael
dá um sorriso totalmente diferente do seu.
—Felipe? (Martinez já havia falando sobre Felipe para ela).
Ele levanta a cabeça com um sorriso safado.
—E aí gata, qual vai ser? Selvagem ou com carinho? -Tirando a
jaqueta e já abrindo o zíper da calça.
León entra e vê Felipe.
—O que está acontecendo aqui?
Temporada 1 | Episódio 9
Thiago Santos
Gael/Felipe - Gabriel Leone
León - Sergio Malheiros
Martínez - Rodrigo Massa
Petra - Bruna Marquezine
Aline - Agatha Moreira
Patrícia - Cris Viana
Lucían - Guy Ecker
Alfonso - Murilo Rosa
Alberto - Tarcísio Meira
Roberta - Jeniffer Nascimento
Cláudio - Bruno Gadiol
Fernanda - Vanessa Gerbeli
Genaro - Marcos Palmeira
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