CENA 01. PRÉDIO.
HALL DO QUARTO ANDAR. INT. NOITE.
Robert,
Edward e Susan sobem e ficam ali parados conversando. Robert de fora da
conversa, pensativo.
EDWARD — E
então, Susan? Você estava vindo de algum lugar em especial?
SUSAN — Estava
na academia do prédio.
EDWARD — (surpreso)
Não brinca! O prédio tem isso?
SUSAN — Tem.
Você não sabia?
EDWARD — Não.
O Robert não me falou.
SUSAN — Acho
que nós dois sabemos bem porque ele não te falou.
Os
dois sorriem.
ROBERT — Encontrei
a fórmula! Encontrei!
EDWARD — Encontrou
a fórmula pra quê?
ROBERT — O
Reitor da universidade disse que eu preciso deixar de ser tão Robert, correto?
EDWARD — Sim,
mas e daí?
ROBERT — Daí
que eu a partir de hoje não vou mais falar nada.
EDWARD — Gostei
disso. Como vai funcionar? E quando começa?
ROBERT — As
pessoas vão falar as coisas mais insignificantes do mundo comigo e eu não vou
responder nada. Apenas balançar a cabeça concordando.
EDWARD — E
não é que é uma ótima ideia?!
SUSAN — Concordo!
Já que quando você abre a boca fere o sentimento de alguém.
ROBERT — Isso
não é verdade. Eu apenas digo a verdade.
CORTA PARA:
CENA 02. APART DE
ROBERT. SALA. INT. NOITE.
Robert
sentado à mesa digitando no notebook. Edward, Jason e Richard sentados.
RICHARD — Vocês
precisavam ver como ela caiu na minha.
JASON — Não
sei porque, mas não confio nessa história.
EDWARD — Eu
também não.
RICHARD — Eu
se fosse vocês acreditariam.
EDWARD — Você?
O cara com as cantadas mais bizarras, conseguir pegar alguém? Convenhamos aqui
que é inacreditável!
RICHARD — Ah
é? Se é tão inacreditável assim, me explica o que a foto dela tá fazendo aqui
no meu celular.
Richard
mostra o celular com a foto dele e uma jovem em uma selfie no restaurante.
JASON — E
não é que ele tava falando a verdade?
RICHARD — Acreditam
agora?
EDWARD — Isso
me leva a seguinte pergunta: qual é o problema dela?
Edward
e Jason sorriem.
RICHARD — Como
vocês são ridículos! Por que é tão difícil acreditar que eu saí com uma garota
completamente normal?
Edward
e Jason têm uma crise de riso. Robert ali digitando no computador repudiando o
que está a ouvir.
ROBERT — (OFF)
Santo Deus! Como podem perder tanto tempo com essas conversas irrelevantes?!
(Escreve) É difícil demais me conter diante das banalidades que eles estão
fazendo agora. Mas eu tenho que tentar deixar de ser Tão Robert e persistir
nessa árdua jornada...
Jason
percebe Robert ali digitando.
JASON — O
que ele tem?
EDWARD — Quem?
O Robert? Nada. Ele encontrou uma fórmula e está deixando de ser tão Robert!
RICHARD — Seja
lá o que ele tiver fazendo, eu já gostei.
EDWARD — Robert,
como é que tá indo a sua fórmula?
Robert
sem olhar para eles, dá um sinal de “OK” com o polegar.
JASON — Sem
discursos ou arrogância?
EDWARD — Aí
é que está o lado bom da coisa. Ele está deixando de ser tão Robert e
consequentemente, não fala nada, apenas acena com a cabeça.
RICHARD — (maquiavélico)
Ah... Então ele não fala nada, né?
Richard
se levanta e se aproxima de Robert.
RICHARD — Robert,
eu não posso deixar de te perguntar uma coisa: fiquei sabendo pelos corredores
da universidade que você disse que eu sou um dos piores ou o pior professor da
universidade. Isso me leva a seguinte pergunta: eu sou um bom professor?
Robert
hesitando em falar, quase fala, mas meneia a cabeça que sim.
RICHARD — Gostei
desse novo, Robert! Algo me diz que nós vamos nos dar muito bem!
Fora de áudio:
Richard volta a conversar com Edward e Jason. Robert ali ainda com a resposta
na goela, mas é obrigado a engoli-la.
CORTA PARA:
CENA 03. UNIVERSIDADE.
CORREDOR. INT. DIA.
Corredor
vazio. Edward, Jason e Richard vêm caminhando.
EDWARD — Vocês
não imaginam o quão bom está sendo o novo Robert.
JASON — Não
sei como você pode morar com um cara como ele.
EDWARD — Ou
eu aturo, ou moro debaixo da ponte.
JASON — Mas
e sua mãe?
EDWARD — Ela
mora em Santa Catarina. Eu não posso deixar o Rio assim.
RICHARD — No
meu modo de ver, o novo Robert está mais do que aprovado. Ele concordou que eu
sou um bom professor.
JASON — Mas
você é!
RICHARD — Diz
isso pro cara que espalhou por aí o contrário.
EDWARD — O
fato é que ontem eu errei uma palavra e pela primeira vez não recebi o
dicionário em meu quarto enquanto dormia!
JASON — Ele
faz isso?
EDWARD — Duas
vezes! Um dicionário de sinônimos e antônimos. Até que é bem interessante.
CORTA PARA:
CENA 04. PRÉDIO.
HALL DO QUARTO ANDAR. INT. DIA.
Robert
sai de seu apartamento e tranca a porta. Ouvimos um BARULHO de louça caindo no
chão e quebrando.
SUSAN — (OFF)
Ai, mas que droga!
ROBERT — (OFF)
Tão abestalhada como eu já imaginava.
Ele
vai descer a escada, quando Susan arremata por socorro.
SUSAN — (OFF)
Alguém? Alguém pra me ajudar?! Socorro! Eu cortei o pé!
Ele
se volta e bate na porta dela.
SUSAN — (OFF)
Tá aberta! Entra.
CORTA PARA:
CENA 05. APART DE
SUSAN. SALA. INT. DIA.
Susan
ali pelo chão. Robert entra tapando os olhos.
SUSAN — Ai,
Robert. Ainda bem que é você. Você pode me ajudar a levantar? Por que está
tapando o olho?
Ele
a ajuda a se sentar no sofá.
SUSAN — Ainda
com a ideia de deixar de ser Tão Robert?
Ele
meneia a cabeça que sim.
SUSAN — Aposto
que você não está mais se aguentando, né?
Ele
meneia a cabeça que não.
SUSAN — Pode
fala seu bobo.
Ele
pensa e instantes depois arremata.
ROBERT — Tá
bom, Susan. Você conseguiu. Eu não estou me aguentando e precisava falar com
você.
SUSAN — Sobre
o quê?
ROBERT — Olha
pra essa casa. Você não precisa viver assim.
SUSAN — Assim
como?
ROBERT — Santo
Deus! Como pode viver num chiqueiro desses e não se dar conta? Olha essa sala
como está. Nem o closet da pessoa mais relaxada do mundo chega a esse nível de
desorganização! Evidente que você não tem nenhum esquema organizacional.
Ela
o encara séria por um instante e depois analisa a ferida no pé.
SUSAN — Olha,
o corte no meu pé não foi profundo. Eu mesma vou fazer o curativo.
ROBERT — Não
mude de assunto! A sua desorganização pode fazer com que um enxame de insetos se
instalem aqui no quarto andar.
SUSAN — Sabe...
Eu preferia mais quando você não falava.
CORTA PARA:
CENA 06. APART DE
ROBERT. SALA. INT. DIA.
Robert
andando de um lado para o outro.
ROBERT — (P/si)
Por que tem que ser tão difícil ver as coisas e não poder falar? Concordar que
o Richard é um bom professor foi a gota d’água! (Tem ideia) Continuar
escrevendo sobre a minha fórmula para deixar de ser Tão Robert. Assim eu
descarrego tudo!
Ele
se senta à mesa e começa a digitar, Susan abre a porta mancando e com o pé enfaixado
e arremata.
SUSAN — Desculpa
interromper, escritor. Mas é que eu preciso de uma xícara de farinha!
Ele
a encara seriamente, fazendo com que ela fique sem graça.
SUSAN — Eu
deveria ter batido antes, né?
Ele
sério, meneia a cabeça que sim.
SUSAN — Desculpe!
Prometo que isso não vai mais acontecer. E aí, rola ou não rola a farinha?
Ele
se levanta e vai até o armário. Susan se aproxima.
SUSAN — Se
não for pedir demais eu gostaria de pedir um pouco de açúcar também!
ROBERT — Santo
Deus! Já estamos nesse nível de intimidade, é?
Susan
sorrir e nisso...
CORTA PARA:
CENA 07. UNIVERSIDADE.
AUDITÓRIO. INT. DIA.
Auditório
vazio. Richard guardando seus materiais de trabalho. Edward e Jason entram.
EDWARD — Ainda
bem que você tá aqui.
RICHARD — Aconteceu
alguma coisa?
JASON — Ainda
não. Mas se acontecer, vamos desejar ter morrido.
RICHARD — Falem
o que é que eu estou ficando preocupado. Foi alguma coisa com a piscina de
banha da minha mãe?
EDWARD — Não!
Você não vai acreditar... O Reitor está mesmo disposto a oferecer um cargo ao
Robert.
RICHARD — Aqui
na universidade?
EDWARD — É.
JASON — E
a pior notícia ainda estar por vir.
EDWARD — O
cargo que eles querem oferecer a ele, infelizmente fará com que ele fique na
nossa cola.
RICHARD — Isso
não pode acontecer! Com aquele lunático trabalhando aqui nós vamos ficar igual
a ele. (voz robóticas) Vamos ser igual a ele. Vamos ser igual a ele.
EDWARD — Eu
moro com ele e nem por isso sou igual a ele.
JASON — É,
mas convenhamos que você não está em seu melhor estado.
Richard
meneia a cabeça concordando e Edward fica indignado.
CORTA PARA:
CENA 09. APART DE
ROBERT. SALA. INT. NOITE.
Robert
sentado no sofá lendo seu livro de autoajuda. Edward, Richard e Jason chegam da
universidade.
EDWARD — Robert,
cheguei.
Ele
dá um sinal de “OK” com o polegar.
RICHARD — Olha,
vejo que ele ainda está usando a fórmula de não falar nada.
Robert
pega um papel na mesinha e mostra a Richard com os dizeres:
RICHARD — (Lê)
Você é um babaca! (P/Robert) Olha que isso não foi nada legal.
EDWARD — O
que você fez de bom hoje o dia todo?
Robert
pega dois papéis e mostra.
EDWARD — (Lê)
Imaginei que perguntaria isso. Eu ajudei a Susan que cortou o pé. (P/Robert) A
Susan cortou o pé? (Saindo) Eu preciso ver como ela está.
Edward
sai. Robert indignado mostra outro papel.
JASON — (Lê)
Não saia e me deixe falando sozinho! (P/Robert) Tarde demais.
RICHARD — Saiba
que você não foi nada legal comigo.
Robert
volta a mostrar o papel: “Você é um babaca!”.
CORTA PARA:
CENA 10. APART DE
SUSAN. SALA. INT. NOITE.
Susan
ali chorando e assistindo TV. Edward entra.
EDWARD — Susan!
Você está bem? O Robert me falou que você se acidentou. Quer dizer... Ele não
falou diretamente, escreveu num papel, mas enfim... Como você está?
SUSAN — Calma,
Edward. Eu estou bem.
EDWARD — Você
está chorando?
SUSAN — É
que eu tô vendo um filme muito triste!
EDWARD — Ah,
sim... Logo que você está bem, eu já vou indo.
SUSAN — Espere.
EDWARD — O
quê?
SUSAN — Eu
acho que deveríamos falar sobre o que aconteceu.
EDWARD — É...
Concordo. O que você achou?
SUSAN — Como
assim?
EDWARD — Eu
quero saber se foi bom pra você?
SUSAN — Um
beijo acidental e você me pergunta se foi bom? Você é inacreditável!
EDWARD — Ué!
Pra mim não foi tão acidental assim.
SUSAN — Jura?
Eu tropecei!
EDWARD — Eu
sei, mas daí cair diretamente na minha boca...
SUSAN — Você
não está querendo dizer que/
Ele
a interrompe, beijando-a. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. APART DE
ROBERT. SALA. INT. NOITE.
Robert
sentado à mesa do computador. Richard e Jason ao lado dele provocando-o.
RICHARD — Você
sabia, Jason, que só pessoas loucas vivem com tantas regras?
JASON — Eu
não sabia meu caro, Richard.
RICHARD — Pois
é. Segundo um estudo realizado em 2015, pessoas que vivem muito engessadas, com
regras desnecessárias podem desenvolver ‘pessoafobia’!
JASON — Eu
não sabia que existia isso.
RICHARD — Pois
é, segundo dados do The University Chicago, essa nova modalidade de fobia
atinge cerca de dois por cento da população do planeta.
JASON — (debochado)
Então quer dizer que se conhecermos alguém assim, nós temos que levá-la para
estudos em Chicago.
ROBERT — (explode)
Chega!!! Vocês queriam me ver fora do sério não queriam? Pois bem, conseguiram!
Não sei o que leva dois idiotas como vocês me zoarem pelo meu modo de viver.
Vamos lá! Um cara solitário que vive com sua cadelinha de estimação ridícula e
que vive ridiculamente também, não tem moral alguma pra falar de mim! E o
outro, um homem de trinta anos malsucedido na carreira de professor que vive assediando
as graduandas para conseguir alguma coisa, só que não consegue nada porque é um
fracassado!
Ele
vai para o quarto. Ouvimos a porta do quarto dele BATENDO.
JASON — Nossa!
Ele explodiu!
RICHARD — Verdade.
JASON — Será
que não fomos longe demais não?
RICHARD — Não
sei. Mas que eu adorei ver essa cena, eu adorei.
JASON — Eu
também.
Os
dois ficam ali a sorrir.
CORTA PARA:
CENA 12. APART DE
SUSAN. SALA. INT. NOITE.
Susan
e Edward se agarrando intensamente no sofá.
SUSAN — (Reclama)
Ai, Edward!
EDWARD — Que
foi?
SUSAN — Beija
direito. Não abre tanto a boca assim. Até parece que você quer devorar minha
língua.
EDWARD — Desculpa.
Eles
continuam a se agarrar. Se levantam e vão para o quarto se beijando
intensamente. Susan ainda mancando.
SUSAN — (OFF)
Nossa que pegada! Vem! Vem com tudo, Edward!
EDWARD — (OFF)
Isso! Pede mais!
SUSAN — (OFF)
Que isso? Mas já? (Frustrada) Ai,
Edward!
EDWARD — (OFF)
Não me deixe na mão, Alfred! Que droga!
SUSAN — (OFF)
É isso que chamam de velocidade da luz?
CORTA PARA:
FIM DO QUARTO
EPISÓDIO
Totalmente
Incorreto
Temporada 1 | Episódio 4
Criado
e Escrito por:
Ramon Silva
Elenco:
Robert
Edward
Susan
Richard
Jason
Lisa
Seu Ribeiro
Reitor
Rajax
© 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.